Primeiro: a crónica desta semana do Ricardo Araújo Pereira na Visão está muito boa. Eu próprio, se fosse ele, não teria escrito melhor.
Segundo: amanhã é o dia 25 de Abril.
Na data de hoje, há 34 anos, era 24 de Abril de 1974 e se existissem blogues nessa altura, o mais certo era andar um coronel reformado de ar caquético com um lápis vermelho (ou uma aplicação tipo twitter versão censura) a cortar quase tudo o que eu escrevesse. Isto se tivesse tido a sorte de passar ileso pelos meus dois anos de serviço militar.
Há 34 anos, se existissem blogues, seriam quase todos mantidos por homens e em muito menor número, dado o elevado nível de analfabetismo, porque as mulheres pouca opinião tinham e porque muito menos gente teria acesso à Internet do que hoje.
Na data de hoje, 34 anos atrás, houvessem blogues naquele tempo, Marcelo Caetano provavelmente teria o seu e chamar-se-ia "Conversas em Família".
Alguns dos blogues mais lidos, embora em segredo, seriam aqueles escritos por membros da oposição exilados no estrangeiro. Cunhal e Soares teriam cada um o seu, com nomes que poderiam muito bem ser "Até Breve Camaradas" e "O Florir das Rosas".
E haveria o blogue secreto de um jovem oficial, que fugindo ao controlo da PIDE, escreveria de África sobre o mal que era a guerra colonial.
Por tudo isso não me lixem. Precisamos de símbolos para continuar a acreditar.
25 de Abril sempre.
Segundo: amanhã é o dia 25 de Abril.
Na data de hoje, há 34 anos, era 24 de Abril de 1974 e se existissem blogues nessa altura, o mais certo era andar um coronel reformado de ar caquético com um lápis vermelho (ou uma aplicação tipo twitter versão censura) a cortar quase tudo o que eu escrevesse. Isto se tivesse tido a sorte de passar ileso pelos meus dois anos de serviço militar.
Há 34 anos, se existissem blogues, seriam quase todos mantidos por homens e em muito menor número, dado o elevado nível de analfabetismo, porque as mulheres pouca opinião tinham e porque muito menos gente teria acesso à Internet do que hoje.
Na data de hoje, 34 anos atrás, houvessem blogues naquele tempo, Marcelo Caetano provavelmente teria o seu e chamar-se-ia "Conversas em Família".
Alguns dos blogues mais lidos, embora em segredo, seriam aqueles escritos por membros da oposição exilados no estrangeiro. Cunhal e Soares teriam cada um o seu, com nomes que poderiam muito bem ser "Até Breve Camaradas" e "O Florir das Rosas".
E haveria o blogue secreto de um jovem oficial, que fugindo ao controlo da PIDE, escreveria de África sobre o mal que era a guerra colonial.
Por tudo isso não me lixem. Precisamos de símbolos para continuar a acreditar.
25 de Abril sempre.