sábado, 17 de novembro de 2012

Fizemos piqueniques


durante algum tempo pensei que a minha cabeça tinha parado. afinal eram só residuos atómicos da explosão em casa da vizinha. os prédios da rua queixavam-se do mesmo. cefaleias intensas e enjoos constantes, mas eu achava que a responsabilidade era dos monos que empestavam as caleiras.

respirar passou a ser uma prioridade entre os sons das sirenes e as consequências da privação do sono que nos esburaca a mente e nos atribui um ar macambúzio. vagueámos dias pelas estradas à procura de soluções. descansámos nas bermas, debaixo de árvores, ou escondidos pelas espigas de trigo por cortar.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A décima primeira hora, do décimo primeiro dia, do décimo primeiro mês



Para além do lado curioso que a data adquiriu, este ano, não esquecemos o significado maior que encerra a décima primeira hora, do décimo primeiro dia, do décimo primeiro mês.

Nesse preciso momento, em 1918, o silêncio caiu ao longo de uma linha que se estendia desde a costa belga, perto de Nieuport, até à fronteira suíça. Tinham passado mais de quatro anos desde que as armas se fizeram ouvir na Europa.

Nomes como Ypres, Loos, Verdun, Passchendaele, Somme, Chemin des Dames, Neuve Chapelle, Messines, Vimy Ridge, La Lys, Cambrai, Arras ou Belleau Wood, passaram a evocar linhas de homens a avançarem curvados na direcção de granadas de artilharia e balas de metralhadora, ou enterrados em buracos infectos. Vítimas de uma guerra do século XX travada com a mentalidade e as tácticas do século XIX.

Esquecer a nossa história é tão perigoso como falhar a compreensão do presente. Por isso, convém relembrar que o armistício entrou em vigor às onze horas do dia onze de Novembro de 1918. O interlúdio para um segundo conflito que surgiria vinte anos depois, rasgado a ódio e vingança nas cicatrizes mal curadas do primeiro.

domingo, 2 de outubro de 2011

Colecçãozinha de palavrões (em actualização)

chocarreiro execrar estultícia acéfalo tautológico néscio esquizóide arguição vérmina compaginar tanger epíteto biunívoco iconoclasta torpe pífio pesporrência tripudia verrinosa serôdio boçal curial inenarrável gongórico dilecto bolçadas equacionar inefável solilóquio prosódia jaez
malbarata coarctar insídia aventar resiliente arrinconados vaticínio assertivo arengar
 descomedido venal esportulando relapso
conluio réditos polímato tergiversar

alvar laudatório preclaro opróbrio
verve estultícia vulpino atávico 
quezília aduzido pueril


Aprenda a escrever como um cronista mainstream ou como um blogger betolas.

Are we having fun? Oh, yes we are.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vem aí a melancolia

Von Trier, que seria de nós sem esta gente que diz o que não deve, quando não deve? Que seria de nós sem estes toques brilhantes como o selo oficial de persona non grata do pomposo e bolorento festival de cannes? Quantos realizadores têm direito ao seu próprio poster? Quantos filmes conseguem ter uma série de peças promocionais tão bem executadas?

  


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nós e os outros

As ondas de proibições são perigosas. As tentativas de uniformização cultural, as higienes morais e comportamentais assustam-me. Os excessos e a verborreia distorcida e exagerada de quem se opõe com ódio e desprezo à tourada assustam-me. Quem gosta de touradas não é necessariamente um fulano boçal de boca desdentada e fácies desfigurado. O público de uma praça de touros não é uma turba de doentes mentais que delira com um espectáculo sanguinário. Não há uma distinção clara entre quem gosta de animais e quem aprecia a festa brava. Por mais que queiram criar trincheiras e sombrias distinções entre "nós que somos bons e abominamos as touradas" e "vocês, bando de sub-humanos que aprecia a tortura de animais".

Assusta-me a velocidade com que cobrem de insultos e raiva quem afirma - cada vez mais a medo, diga-se - gostar de tourada. Que afirmem o amor a algo pela destilação de bílis parece-me estranho.

Infelizmente, acredito que as touradas deixem de existir dentro de poucos anos. O tom histérico de quem não gosta e não quer deixar gostar funciona muito bem nos dias que correm.

Os catalães proibiram a tourada - mais pela superioridade moral (e não só) que adoram exibir em relação à restante Espanha do que pelo amor aos animais. Não duvido que outras regiões seguirão o exemplo.

Que resultado prático terá isto? Ficaremos automaticamente purificados, seremos melhores pessoas, passará a Catalunha a um estado mais saudável? Não me parece. Os amigos da proibição escolherão outro alvo. O hipismo? As bifanas? O sal? O tabaco? A frequência com que urinamos e defecamos? Quem não gosta dos Beatles? Assim de repente vem-me à cabeça a Nova Iorque insuportável do mayor Bloomberg.




Leitura complementar:

¿Qué coño se pasa com nuestros hermanos?

On blondes...




“There are blonde and blondes and it is almost a joke word nowadays. All blondes have their points, except perhaps the metallic ones who are as blonde as a Zulu under the bleach and as to disposition as soft as a sidewalk. There is the small cute blonde who cheeps and twitters, and the big statuesque blonde who straight-arms you with an ice-blue glare. There is the blonde who gives you the up-from-under look and smells lovely and shimmers and hangs on your arm and is always very, very tired when you take her home. She makes that helpless gesture and has that goddamned headache and you would like to slug her except that you found about the headache before you invested too much time and money and hope in her. Because the headache will always be there, a weapon that never wears out and is as deadly as the bravo’s rapier or Lucrezia’s poison vial.
There is the soft and willing alcoholic blonde who doesn’t care what she wears as long as it is mink or where she goes as long as it is the Starlight Roof and there is plenty of dry champagne. There is the small perky blonde who is a little pale and wants to pay her own way and is full of sunshine and common sense and knows judo from the ground up and can toss a truck driver over her shoulder without missing more than one sentence out of the editorial in the Saturday Review. There is the pale, pale blonde with anemia of some non-fatal but incurable type. She very languid and very shadowy and she speaks softly out of nowhere and you can’t lay a finger on her because in the first place you don’t want to and in the second place she is reading the Wasteland or Dante in the original, or Kafka or Kierkegaard or studying Provencal. She adores music and when the New York Philharmonic is playing Hindesmith she can tell you which one of the six bass viols came in a quarter of a beat too late. I hear Toscanini can also. That makes two of them.
And lastly there is the gorgeous show piece who will outlast three kingpin racketeers and then marry a couple of millionaires at a million a head and end up with a pale rose villa at Cap d’Antibes, and Alfa Romeo town car complete with pilot and co-pilot, and a stable of shopworn aristocrats, all of whom she will treat with the affectionate absentmindedness of an elderly duke saying good night to his butler.”

Raymond Chandler, The Long Goodbye

domingo, 11 de setembro de 2011

Impressões do fim-de-semana


a) não ver/ler/ouvir notícias é bom

b) tanto 11 de Setembro retira significado à data e dá vontade de iniciar uma lista de piadas de mau gosto como reacção ao exagero e à falta de chá de algumas "evocações".

c) nasceu uma nova expressão: "falar como o tipo do queijo da serra" passa a designar gente com as capacidades comunicativas de um bidão de gasóil que não se cala e usa chapéus ridículos.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O problema dos classicistas



"I think it sometimes hurts you when you stay too long in school. I think it sometimes hurts you when you are afraid to be called a fool."

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Feliz aniversário, Senhor Bradbury!



O homem que escreveu das histórias mais maravilhosas alguma vez saídas da mente de um homo sapiens sapiens faz 91 anos.

Senhor Bradbury, a gente ama você.

Ray Bradbury’s close encounters with W.C. Fields, George Burns and … Bo Derek?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A mensagem do senhor Bufete

O senhor Bufete diz que os muito ricos não precisam de mais miminhos.

O senhor Bufete compreende que as sociedades não podem viver com graves níveis de desigualdade.

O senhor Bufete sabe que é necessário manter o dinheiro a rolar, que é vital criar trabalho, produzir, manter o equilíbrio.

Até o senhor Bufete diz que não é normal que a riqueza se concentre cada vez mais num grupo cada vez mais reduzido de pessoas.

Ouçam o senhor Bufete.

Please?

Stop Coddling the Super-Rich

I strongly recommend


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Olhem só quem tem um blogue...


Aqui recomendam-se blogues com parcimónia. Porque somos esquisitos e porque gostamos do termo. "Parcimónia". É bonito, pá.

Recomendação de hoje: um amigo do tórax que criou um blogue. Com críticas de cinema. Escritas por ele. Em estrangeiro. Übercatitten!

Visitem e descubram quem ele é...

The Flickering Wall

Have fun, protejam-se do sol, bebam água, comam fruta e legumes.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O futuro próximo do jornalismo



apresento as desculpas se vieram em busca de uma análise séria. não temos. por incapacidade pura do autor misturada com uns pozinhos de falta de pachorra e uma desavergonhada preguiça.

mas digo-vos o seguinte: se as coisas continuarem neste caminho em pouco tempo as notícias sérias serão veiculadas, partilhadas, confirmadas e analisadas por cidadãos no twitter e no facebook.

os meios tradicionais, numa busca desesperada por números que possam apresentar aos senhores que só percebem de números, ficarão com os vídeos muito giros, os fait-divers, o insólito. O barbeiro nu de cócoras, o pedreiro que canta sinatra aos colegas, o gatinho que faz ão-ão e o cão que faz minhau.

e será muito estranho.


(ps: bolas, o texto saiu-me todo em minúsculas. é o que dá andar descalço na praia e pisar um valter hugo mãe)

Hino oficial das coisas que correm mal

Ou seja, hino oficial do Verão português de 2011


Surprise! Party!
Yeah, we just thought we'd drop in!
Where's your icebox?
Where's the punch?
Eww, house-a-tosis!

Who's to blame when parties really get out of hand?
Who's to blame when they get poorly planned?
Hoo-hoo-hoo-hoo-hoo-hoo-hoooo--oooooo...

Crashers get bombed, slobs make a mess
Ya know sometimes they'll even ruin your wife's dress
Crashers gettin' bombed. (Who's to blame?)
Can you pull it back in line?
Can you salvage it in time?

What can you do to save a party?
Parcheesi? Charades? A spur-of-the-moment
Scavenger hunt, or Queen of the Nile? (Wooooh!)
Who turned out the lights? (Wooooh!)

Bombed, crashers gettin' bombed
Crasher's gettin' bombed, bombed, bombed, bombed, well who's to blame?

Who's to blame when situations degenerate?
Disgusting things you'd never anticipate
Hoo-hoo-hoo-hoo-hoo-hoo-hooo--ooooooo...

People get sick, they play the wrong games
Ya know, it can ruin your name!
Crashers gettin' bombed. (Who's to blame?)
Can you pull it back in line?
Can you salvage it in time?

Woooooh!
It shouldn't be difficult!
Try not to condemn!
O.K. who ordered pizza?
I'll be tactful when making the rounds
Be tactful when making the rounds
and maybe you can save a party....

Party gone out of bounds!
Gone out of bounds!
Party gone out of bounds!
Gone out of bounds!

Não se preocupem, está tudo controlado

O efeito da suspensão das inspecções da ASAE nas IPSS será controlado através do INCAGA - Índice Nacional de Caganeiras e Gastroenterites.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Só porque me apetece vou recomendar três sítios, três, sobre comida e bebida




Sem delongas e sem ordem especial, porque as delongas estão caras e as ordens especiais são foleiras:




Visitem amiúde e deleitem-se com a sabedoria dos autores.