Fim de tarde. Princípio de noite. Eleutério Godinho, roupão de seda, casado-pai-de-filhos, juiz-relator do tribunal de Monção, abriu a porta da salinha que dava para o estúdio do solar da familia. Sentou-se à vasta secretária, devolveu cartas ao remetente e incluiu recadinhos da sua autoria em diversas missivas, colocando os pendentes entre os assuntos d'affaires e as moscas que fugiam do vinagre entre os assuntos arrumados. Sentiu desejo e buscou o Madeira.
Aproximou-se da lareira em passos lentos. Beberricou e congeminou o aquecimento dos pés, gelados como icebergs. À medida que o calor lhe subia pelo corpo, Eleutério sentiu um frémito. E depois outro. E mais outro. Uma série imparável, irresistível, inominável de frémitos.
Tombou, cálice de Madeira partido ao seu lado. Braços esticados, barriga para baixo, olho esbugalhado e os pequenos óculos redondos que usava para ler, espalmados debaixo da bochecha. A lareira ainda crepitava, iluminando em soluços a divisão. O mordomo ouviu e acorreu. Baixou-se em aflição e constatou.
Era preciso avisar o médico, a senhora, os meninos, a guarda.
Aproximou-se da lareira em passos lentos. Beberricou e congeminou o aquecimento dos pés, gelados como icebergs. À medida que o calor lhe subia pelo corpo, Eleutério sentiu um frémito. E depois outro. E mais outro. Uma série imparável, irresistível, inominável de frémitos.
Tombou, cálice de Madeira partido ao seu lado. Braços esticados, barriga para baixo, olho esbugalhado e os pequenos óculos redondos que usava para ler, espalmados debaixo da bochecha. A lareira ainda crepitava, iluminando em soluços a divisão. O mordomo ouviu e acorreu. Baixou-se em aflição e constatou.
Era preciso avisar o médico, a senhora, os meninos, a guarda.