sexta-feira, 3 de junho de 2011

O homem que adivinha os filmes



Escreve Nuno Rogeiro na sua coluna da revista "Sábado":
      O cosmopolita americano Spielberg, a filmar as aventuras do provinciano belga Tintin? Um cineasta judeu e liberal de Hollywood, pondo na tela o herói ingénuo de um desenhador criptofascista, produto das guerras europeias? O mestre dos efeitos especiais e do grande espectáculo, a dar movimento ao criador da linha clara, do desenho simples e depurado?

     Sim. E o resultado é soberbo, já que Spielberg parece ter resolvido dois problemas maiores.

     Primeiro, conseguiu modernizar a personagem, sem a matar, optando por uma técnica que não é nem desenho animado puro nem realismo duro, com actores de carne e osso. Evitou assim as experiências frustrantes da série televisiva da Belvision (interessante) e dos dois filmes de J.J. Vierne e de Phillipe Condroyer (desastrosos). 

     Depois, optou por sintetizar, de acordo com a viúva do criador Hergé, três livros diferentes, alojando-se em diversos imaginários, o mar e o deserto, a Europa e o Médio Oriente, a "normalidade" e a pirataria, a cidade e a aventura.
Vejo alguns problemas neste assomo de crítica ao filme de Steven Spielberg. A não ser que Rogeiro tenha alguma proximidade especial ao realizador. É que o filme ainda não foi projectado publicamente ou para a imprensa. Nem aqui nem em lugar algum. Disponível ao comum dos mortais estão apenas uma mão-cheia de fotografias, dois posters (teasers) e um trailer (também teaser).

Resultado soberbo? Com base em meia dúzia de materiais promocionais? É de homem!

Espero sinceramente que as opiniões do colunista sobre outros assuntos tenham fundamentos... como direi... mais profundos?