Esturjão Amansado passou a língua pelos lábios e olhou calmamente para a cama de hospital. Marmota Entediada bocejou uma vez mais e continuou a rebocar a parede esverdeada e coberta de musgo.
Atravessando rapidamente o corredor, Estereofónico Infeliz tropeçou numa esfregona vermelha muito suja e estatelou-se no chão.
Esturjão Amansado franziu o sobrolho e soltou um monossílabo ininteligível, exprimindo desdém pela falta de cuidado de Estereofónico Infeliz.
- Sabes - disse Esturjão Amansado em voz baixa - hoje comí ostras ao almoço. Foi um festim. Sentei-me repimpado no chão do quarto e devorei 18 ostras de seguida, sem parar.
Esturjão Amansado, voltou a passar a língua pelos lábios, tentando lembrar o gosto das 18 ostras.
- Passa-me a espátula - respondeu Marmota Entediada.
Entretanto, Estereofónico Infeliz tinha-se levantado do chão e sacudia o pó e os pequenos pedaços de estuque agarrados à sua roupa.
- Ricas ostras - disse Esturjão Amansado acariciando a sua barriga - já não se encontram ostras assim tão boas com tanta facilidade como quando eu era pequeno e vivia com a minha tia Sotaina Amarrotada numa pequena aldeia ao pé da costa.
- Passas-me a espátula ou não? - insistiu Marmota Entediada com ar impaciente.
- Pronto, pronto, toma lá.
- Bolas, que azar, detesto andar todo sujo - lamentou-se Estereofónico Infeliz.
Esturjão Amansado olhou-o pelo canto do olho e admoestou-o sorrindo:
- Tens de andar por aí com mais cuidado. Uma casa em obras pode ser um sítio perigoso para cabeças no ar como tu.
- Vim avisar-vos de uma coisa - anunciou Estereofónico Infeliz com ar solene - Vem aí o chefe e ainda não acabámos o salão. Já devíamos estar a trabalhar no quarto grande. Ele não vai gostar nada deste atraso.
- Ele que se lixe - rosnou Marmota Entediada quase sem abrir a boca - que se lixe e que arranje outros para fazer o trabalho se quiser. Eu podia estar a ganhar um dinheirão nas fábricas de xaropes para a tosse da Letónia. Estou aqui porque ele me pediu com muita insistência. Quase implorou que eu viesse. Se mudou de ideias piro-me já.
(to be continued)
Atravessando rapidamente o corredor, Estereofónico Infeliz tropeçou numa esfregona vermelha muito suja e estatelou-se no chão.
Esturjão Amansado franziu o sobrolho e soltou um monossílabo ininteligível, exprimindo desdém pela falta de cuidado de Estereofónico Infeliz.
- Sabes - disse Esturjão Amansado em voz baixa - hoje comí ostras ao almoço. Foi um festim. Sentei-me repimpado no chão do quarto e devorei 18 ostras de seguida, sem parar.
Esturjão Amansado, voltou a passar a língua pelos lábios, tentando lembrar o gosto das 18 ostras.
- Passa-me a espátula - respondeu Marmota Entediada.
Entretanto, Estereofónico Infeliz tinha-se levantado do chão e sacudia o pó e os pequenos pedaços de estuque agarrados à sua roupa.
- Ricas ostras - disse Esturjão Amansado acariciando a sua barriga - já não se encontram ostras assim tão boas com tanta facilidade como quando eu era pequeno e vivia com a minha tia Sotaina Amarrotada numa pequena aldeia ao pé da costa.
- Passas-me a espátula ou não? - insistiu Marmota Entediada com ar impaciente.
- Pronto, pronto, toma lá.
- Bolas, que azar, detesto andar todo sujo - lamentou-se Estereofónico Infeliz.
Esturjão Amansado olhou-o pelo canto do olho e admoestou-o sorrindo:
- Tens de andar por aí com mais cuidado. Uma casa em obras pode ser um sítio perigoso para cabeças no ar como tu.
- Vim avisar-vos de uma coisa - anunciou Estereofónico Infeliz com ar solene - Vem aí o chefe e ainda não acabámos o salão. Já devíamos estar a trabalhar no quarto grande. Ele não vai gostar nada deste atraso.
- Ele que se lixe - rosnou Marmota Entediada quase sem abrir a boca - que se lixe e que arranje outros para fazer o trabalho se quiser. Eu podia estar a ganhar um dinheirão nas fábricas de xaropes para a tosse da Letónia. Estou aqui porque ele me pediu com muita insistência. Quase implorou que eu viesse. Se mudou de ideias piro-me já.
(to be continued)