Este coiso aborda essencialmente nada em especial. É rigorosamente imprevisível. Inclui diversas referências ao nicles absoluto e contém níveis elevados de parvoíce. Em dias bons pode encontrar por aqui alguns textos medianamente interessantes sobre cinema, televisão, cultura popular e marketing.
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sábado, 11 de junho de 2011
A overdose de simbolos do tio Malick
Os amigos mais próximos sabem que o Steed encara o cinema como uma religião. Antes de sair para ver um filme submete-se a um rigoroso ritual de abluções, enverga vestes lavadas e purificadas pela cerimónia do ferro de engomar e lê brevemente as escrituras para verificar que não se engana no local e horário de exibição. Em cima disto tudo abstém-se de qualquer contacto com críticas ou opiniões de terceiros.
Em troca desta devoção gosta de ver um bom filme. E fica chateado quando a coisa não lhe agrada.
Apesar de alguma apreensão, a roçar o preconceito perigoso, foi ver "A Árvore da Vida".
Os primeiros minutos tranquilizaram-no. Terrence Malick sabe de cinema. Sabe filmar, sabe manipular actores, sabe posicionar a câmara à mestre, cortar de forma por vezes surpreendente, quase nunca evidente.
Terrence quase o convenceu. Estava quase, quase ganho.
O pior veio depois.
O Steed aceita a narrativa não-linear, a vontade imensa de fazer cinema fora da caixa, o alargar de fronteiras, o rasgar do livro de regras que espartilha e impede a criação.
Consegue distanciar-se do facto de não ser uma pessoa religiosa e crê não ser um bruto insensível.
Valoriza muito a coragem de fazer um filme como "A Árvore da Vida". Considera que é necessária uma dimensão testicular imensa para bater o pé e dizer: "Eu quero mesmo colocar umas cenas com dinossauros, quero mesmo ser ambicioso. Quero criar um relato de amplitude cósmica e ao mesmo tempo mergulhar de cabeça nas peculiaridades humanas, na vida e na morte."
O problema de "A Árvore da Vida" é semelhante ao de alguns medicamentos usados em psiquiatria. Funcionam para algumas pessoas, não fazem puto efeito com outras.
O Steed consegue reconhecer a habilidade cinematográfica de Terrence Malick. Censura-lhe a incapacidade que teve para se limitar. A páginas tantas já não podia com a sucessão de símbolos e alegorias.
A partir de certa altura o delírio é demasiado para ser digerido. Começa a azia e, logo a seguir, sobrevém a indigestão.
Quando o filme terminou o Steed estava exausto e irritado.O filme tem tantos méritos, Terrence... era mesmo preciso aquilo tudo?
De qualquer forma, o Steed aconselha a arriscar. Aconselha a ver o filme e a formar uma opinião.
"A Árvore da Vida" tem excessos, talhadas enormes de mau gosto. Também tem bocados de grande cinema.