quinta-feira, 31 de março de 2011

Ó Steed, afinal o "Sucker Punch" é assim tão mau como o pintam?

"Sucker Punch", que maluquice!


Vou poupar-vos ao esforço de lerem o texto todo: não. Não é assim tão mau como o pintam. Aliás, saí bastante contente da sala.

Agora vem a parte aborrecida em que explico porquê.



1. Se Deus quisesse que víssemos videoclips não tinha inventado o cinema.

Desde tempos imemoriais que ouço falar da embirração com os realizadores provenientes da publicidade e dos videoclips.

Sempre que o visual é um pouco mais estilizado. Sempre que se junta música a uma montagem bem esgalhada durante mais de dez segundos. De imediato  erguem-se mil dedos a apontar a heresia.

Algumas vezes com razão. Outras... não.

Em "Sucker Punch" não há segundos sentidos nem desculpas: a estética vem das curtas-metragens musicais a que chamamos videoclips e dos jogos de computador. Stop. E o resultado é muito divertido. Stop.

2. Não é barroco, é rocócó!

Lembram-se da frase repetida há gerações cada vez que um petiz se assusta a ver um filme: "é tudo a fingir"? Neste caso deve ser interpretada no sentido mais literal possível. Snyder não se acanhou. Carregou na fantasia até ficarmos azulinhos, à beira do desmaio. É é tudo tão excessivo que, confesso, ruborizei várias vezes.

3. As actrizes são fraquinhas e o argumento também

O erro parte de pensar que "Sucker Punch" devia ter diálogos complexos e uma história complicada. Por amor de Deus, não bastaram as sequelas do "Matrix" para pepineiras pretenciosas?

Levar "Sucker Punch" a sério equivale a amputar o centro de prazer do cérebro. Evitem porque é desagradável. O elenco faz precisamente o que lhe era pedido, nem mais, nem menos.

4. Sucker Punch é uma maluquice visual

Ou se entra no jogo, ou nem vale a pena sair de casa. Mais vale doar o dinheiro do bilhete aos pobrezinhos.

"Sucker Punch" é como uma boa água-pé.

Não é o melhor dos vinhos, não é para ser apreciado em copos de pé, bochechado e gargarejado. Não tem notas de fruta ou de carvalho e não é de todo elegante na boca.

É para enfiar no frigorífico, beber de penalti num copo de plástico, dar um valente estalido com a boca e bramar com vigor: "Ah, que rica pinga! Está tão fresquinha!"

O filme do Snyder tem um tom raro de frescura e maluquice - e sabemos que a doideira foi contida pelo estúdio. E é mil vezes mais interessante do que os baldes de filmes com super-heróis que todos os anos entopem as salas de cinema.

5. Viva Egas Moniz!

Foi um português, o Dr. Egas Moniz que desenvolveu a simpática técnica da lobotomia que transforma os pacientes em idiotas. Graças a ela recebeu o Prémio Nobel da Medicina em 1949.

No entanto, foi o americano Walter Freeman o inventor da forma mais divertida de efectuar esta intervenção: a lobotomia transorbital. Consistia em martelar um picador de gelo por detrás do globo ocular até ao cérebro. Rápido e barato.

6. A classificação

Sabem do meu apreço por estrelinhas e outras entidades celestes que se usam para avaliar filmes. Eu a este dou 36 milhões de anãs-brancas e 41 zigabiliões de quasares.