sábado, 29 de novembro de 2008

Histórias de piratas

Ando com pouco tempo para ler mas, indo aos locais certos, consigo ter uma ideia aproximada do que se passa. Se escrever algum disparate por favor digam.

Desde há alguns meses existem movimentações para criar leis que protejam a indústria do entretenimento contra o livre acesso a filmes, música, jogos, etc. na Internet.

Isto passa pela aprovação de legislação que puna a partilha de ficheiros através do acesso aos dados dos utilizadores sem previa autorização dos mesmos; pelo sistema de três avisos após os quais a ligação é cortada pelo ISP; pela aplicação de multas e/ou penas de prisão para quem efectuar partilha de ficheiros.

Estes métodos já estão a ser aplicados em alguns países, dando origem a uma série de processos com resultados diversos. Ou seja, numa ocasião triunfa a indústria noutra o utilizador, noutras não ganha ninguém e anda tudo metido em recursos e mais recursos.

Na União Europeia foi recentemente aprovada a possibilidade de os fornecedores de serviços de acesso à Internet (ISP's) poderem fornecer o histórico de acessos à net dos seus clientes sem que estes sejam ouvidos no assunto.

No meio disso surgiu uma associação chamada MAPiNET que pretende lutar por uma Internet livre de downloads ilegais. Uma investigação rápida permitiu localizar a origem deste movimento na associação portuguesa de clubes de video e similares.

Aqui fica uma lista de ligações onde poderão aceder a mais informação sobre estes assuntos:

e para acompanhamento contínuo destas questões:

Para que fique clara a opinião cá do menino transcrevo o comentário (com algumas edições e adições) plantado no Certamente! que se refere à afirmação de que o cinema perdeu um milhão de espectadores em 2008 por causa da pirataria:


Primeiro, o ano ainda não terminou (duh!) e falta contabilizar Novembro e “só” o mês de maior afluência, Dezembro.

No máximo poderá fazer-se uma estimativa que sim, andará por volta dos 15,3 milhões de espectadores, ou seja, o tal milhão a menos. Ou 900 mil ou 800 mil se o último mês do ano for muito bom.
Mas…

…a pirataria não é coisa de hoje. Em 2006 e 2007 já existia, verdade? Verdade amiguinhos!

Ora o número de espectadores em 2006 e 2007 foi praticamente igual, cerca de 16,3 milhões. Em 2005 foi de 15,7. Em 2004 de 17,1.

Ou seja…qual é a relação entre pirataria e estas variações? Os piratas foram de férias em 2006 e 2007? Pois…

Mais uma coisinha antes de me ir embora:

Se olharmos para os dados deste ano reparamos que o tal milhão que se evaporou deveu-se aos péssimos resultados nos meses de Abril e Junho. De 1,4 milhões de espectadores em cada um destes meses em 2007 passou-se para a casa dos 800 mil no ano que decorre.

Porquê perguntam vocês? Porque os piratas estão particularmente activos nestas alturas do ano, são como a lampreia, têm épocas? Uh…pois não me parece.

A resposta é esta ó meus amigos (voz de Prof. Hermano Saraiva): tem a ver com os filmes que estreiam em cada altura! Ah pois é. Se só estreou caca naqueles meses a malta não foi ver. Ah pois é bebé!

É tão simples quanto isto.

Os números? Estão no site do ICA. Vão lá ver.

Sejamos claros e honestos. Claro que o acesso aos filmes via Internet roubou gente às salas. Mas nada de dramas. Reinventar. Adaptar. E ter sempre em mente que o caso dos filmes é algo diferente do da música.

Pelo menos na minha cabeça é assim: quando se anda a filmar dentro de uma sala de cinema, para depois vender DVDs marados, isso é, acima de tudo, um disparate e depois é desonesto. Palmar o negativo do laboratório e fazer cópias para colocar na net é desonesto. A malta que copia DVD’s aos milhares e os mete à venda não quer partilhar nada. Quer é ganhar o deles. Prendam esses gajos.

O princípio da coisa é por isso diferente do que sucede na música - embora haja quem não veja as coisas assim e ache que tanto é ladrão o mafioso russo ou chinês como o puto que mete umas músicas nos torrents.

No entanto, o resultado prático é idêntico. A tecnologia colocou ao alcance do cidadão comum cópias de filmes, livros, música, etc.

A indústria está a ir pelo caminho mais fácil. Punir, limitar, tornar complexo. As grandes corporações pensam lento. Têm estruturas pesadas que dificultam a passagem para a solução que passa por modificar o modelo de negócio. Adaptar. Reinventar.

Acabar com as janelas. Estrear em todo o lado ao mesmo tempo. Aplicável a filmes e séries de televisão (sim idiotas! queremos ver o “Lost” no mesmo dia que os americanos. é a globalização!!!)

Melhorar as condições de serviço nos cinemas. Fazer dele um serviço mais premium. Baixar o preço dos bilhetes ou aumentar o número de promoções (isto já está a ser feito, verdade seja dita).

Dar acesso online mais cedo e de modo barato e fácil. A vida dos filmes nas salas é muito curta. Menor espaço de tempo entre lançamento em cinema e noutras plataformas reduz as vantagens do download ilegal. Também permite racionalizar e reduzir custos de marketing um dos sorvedoros de dinheiro em cada lançamento. Campanhas de marketing únicas que façam o crossover por diversas plataformas de consumo. Mal comparado é como os jogos de computador que são lançados para Xbox, Playstation, PC, etc.

Claro que também terá efeitos nas salas de cinema. Para isso é que a transformação do cinema em produto premium e a criação de vantagens quanto ao consumo do produto em sala versus consumo doméstico são vitais.

Clubes de video? Lamentamos mas é um modelo de negócio que não tem futuro. Não me batam! Não fui eu que inventei a banda larga! Reinventar. Adaptar.