quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

Adeus Suleiman

Suleiman, disseste adeus.
Choveu malta no teu beberete de despedida,
e nem me deste tempo para dizer quanto te odeio
Fugiste estrada fora e deixaste-me aqui
o fel a escorrer dos cantos da boca
a pedir boleia na corcunda de alguém.

Alguém a quem possa assombrar, infernizar
só porque foste embora sem dizer nada.
e me deixaste este ódio orfão,
este arrazoado de insultos sem casa.
É pior que o fogo do inferno
ter esta raiva funda e não a poder libertar
não podias ser mais cruel
largares a vida assim
sem deixar que depositasse em ti
esta gangrena que durante anos juntei.

Adeus Suleiman,
tiveste um lindo funeral
e deixaste-me esta herança cruel
que não poderei esbanjar com ninguém.