sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

As Aventuras de Mano Djambé

Mano Djambé saiu de suburbio pela manhã. Bem vestido, roupa de marca, Mano Djambé sabe escolher, impressiona as mulheres. Ao chegar ao centro da cidade, Mano Djambé, de repente, começa a gritar contra o racismo, punho fechado no ar, gritando, gritando. As pessoas todas olharam para o negro bem vestido, de ar moderno, as mulheres suspiraram, perdidas de amores pelo galã africano. Mas o mano, não liga para elas, continua a berrar contra o racismo que faz dele um cidadão de segunda, contra a falta de oportunidades, contra a descriminação, a exploração, a escravatura, o cinismo da sociedade que diz que não, que não é racista, que até gosta de preto. Mano Djambé gritou até uma pequena multidão reunir à volta dele. Então, um patrício, um mais velho, de cabelo grisalho, disse para ele baixinho ao ouvido:



"Mano Djambé, estás fora de moda. Essas coisas que tu falas, que tu berras, já não se usam, é coisa do passado."



Mano Djambé, olhou o velho, bem fixo, directo, como o homem honesto que é. Baixou o punho lentamente e voltou para casa, envergonhado.



No dia seguinte, voltou ao trabalho no Banco e à noite foi ao cinema com a namorada, Belinha, mulata bonita de morrer.