quarta-feira, 15 de dezembro de 2004

Sobre

A tua sede tem um som sinistro
talvez a culpa seja das noites sem sono
da certeza do que com medo adivinhaste.
Das abertas no teu rosto vejo a minha sombra
refrescando montes e prados
cercando a tua imensa vontade de tudo abandonar
de deixares as varzeas e penedos
ao vento gelado dos Outonos cinzentos.
Num rochedo isolado usarás o cinzel e esculpirás
num golpe único, seco e amedrontado
o teu riso num esgar, a tua melancolia num grito
farás com as mãos o sinal da cruz
e pairando no céu meditarás
liberta das santas agonias a que te obrigaste.