É bom acordar para uma nova semana e reparar que algo básico como uma tabela de box office de cinema com resultados do fim-de-semana está novamente enfarilhada devido a... "falhas de comunicação".
A malta do ICA faz o que pode. O que lhes é permitido por lei. Uma lei que alguns optam por ignorar. Um pouco como estacionar carros em segunda fila.
Vamos ser claros: "falha de comunicação" é uma justificação esfarrapada.
Portugal não é o Afeganistão. Não estamos na Idade Média.
As distribuidoras, porque são apertadas pelos EUA - nada habituados a dramas de transmissão de dados - segunda-feira a seguir ao almoço já estão a mandar os números completos, obtidos por e-mail, fax, telex, telefone, pombo correio, batuques ou sinais de fumo.
Quando as coisas são para consumo interno, o caso muda de figura.
Em boa hora, há uns anos, saiu legislação a regulamentar o envio da informação em tempo útil: receitas, número de cópias, espectadores... ou seja, Portugal, com anos de atraso, passou a ter o que é regra na maior parte dos mercados com alguma maturidade.
Graças ao bom trabalho da divisão de estatística do ICA, aos poucos passou a ser possível realizar análises sérias e actuai.
Como muitas coisas que funcionam em Portugal, há sempre um dia em que alguém que decide estragar tudo.
Nas últimas semanas os relatórios de box office do ICA (semanais e de fim-de-semana) contêm a ressalva de que os dados estão incompletos. Que alguns exibidores não estão a cumprir a lei.
A justificação repete-se: falha técnica no sistema informático que permite às salas enviar os dados para o ICA.
Seria de prever a existência de um sistema de recurso? Talvez enviar os resultados por e-mail? Imagino que a lei não preveja isso... Deus nos proteja do pragmatismo. O sistema informático não funciona e pronto.
Resultado disto tudo? Bom, estou a pensar regressar ao velho método de obter dados fiáveis através dos... Estados Unidos.