quarta-feira, 14 de julho de 2010

Cultura, políticas de preço e marketing (tudo ao molho)

O comendador Joe diz que a colecção de arte em exibição no CCB teve dois milhões de visitantes em três anos.

A entrada é gratuita.

Agora, imaginem que tinham cobrado um euro. Uma moedinha por cada pessoa que fosse ver as peças giras do Berardo.

O número de visitantes desceria. Quanto? Para milhão e meio? Um milhão?

Bom... que quero eu dizer com isto? O preço é uma das variáveis daquele cliché básico, mas indispensável, chamado marketing mix. No entanto, raramente o marqueteiro de serviço mexe nesta variável porque os senhores dos dinheiros acham uma grande falta de respeito, porque com o pilim não se brinca e basicamente é isso que a malta do marketing faz, umas coisas engraçadas para ver se a empresa vende mais qualquer coisinha.

Na verdade, em especial durante tempos de crise como aquele que agora atravessamos, o preço passa a ocupar o lugar de honra na cabecinha dos consumidores. Se o povão anda curto de guito, então é pelo preço que lhe chegamos ao coração e o levamos a esse acto maravilhoso e místico de adquirir o nosso produto.

Regressemos à colecção Berardo. Com a cultura sempre à beira da penúria, perseguida por uma multidão de artistas a bater com a mão no peito e a rasgar as vestes em acto de contrição e desespero, será que este milhão de euros, ou algo assim, não fazia falta?

Um euro é um preço simbólico. Quando se pode multiplicar na casa dos milhões passa a ser uma fonte de receitas muito interessante. No caso da colecção do Comendador Joe e não só.


Dois milhões de visitantes são saldo de três anos de Museu Berardo