O comendador Joe diz que a colecção de arte em exibição no CCB teve dois milhões de visitantes em três anos.
A entrada é gratuita.
Agora, imaginem que tinham cobrado um euro. Uma moedinha por cada pessoa que fosse ver as peças giras do Berardo.
O número de visitantes desceria. Quanto? Para milhão e meio? Um milhão?
Bom... que quero eu dizer com isto? O preço é uma das variáveis daquele cliché básico, mas indispensável, chamado marketing mix. No entanto, raramente o marqueteiro de serviço mexe nesta variável porque os senhores dos dinheiros acham uma grande falta de respeito, porque com o pilim não se brinca e basicamente é isso que a malta do marketing faz, umas coisas engraçadas para ver se a empresa vende mais qualquer coisinha.
Na verdade, em especial durante tempos de crise como aquele que agora atravessamos, o preço passa a ocupar o lugar de honra na cabecinha dos consumidores. Se o povão anda curto de guito, então é pelo preço que lhe chegamos ao coração e o levamos a esse acto maravilhoso e místico de adquirir o nosso produto.
Regressemos à colecção Berardo. Com a cultura sempre à beira da penúria, perseguida por uma multidão de artistas a bater com a mão no peito e a rasgar as vestes em acto de contrição e desespero, será que este milhão de euros, ou algo assim, não fazia falta?
Um euro é um preço simbólico. Quando se pode multiplicar na casa dos milhões passa a ser uma fonte de receitas muito interessante. No caso da colecção do Comendador Joe e não só.
Dois milhões de visitantes são saldo de três anos de Museu Berardo
Este coiso aborda essencialmente nada em especial. É rigorosamente imprevisível. Inclui diversas referências ao nicles absoluto e contém níveis elevados de parvoíce. Em dias bons pode encontrar por aqui alguns textos medianamente interessantes sobre cinema, televisão, cultura popular e marketing.
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