sábado, 26 de junho de 2010

Os cinco pilares da civilização ocidental

No outro dia, alguém me falava da educação como pilar da civilização. Fiquei a pensar. Adormeci. Quando acordei voltei ao assunto. Voltei a adormecer. Fui beber umas chávenas de café com leite (o café é execrável se for ingerido "solo", como dizem os nativos do país aqui do lado). Infelizmente, nos dias que correm, o café não me faz efeito. Peguei outra vez no sono. Ontem, voltei a reflectir sobre esse tema dos pilares da civilização. Conclui que a educação não é pilar de coisa nenhuma. Depois, esqueci as razões que me levaram a essa conclusão. Voltei a adormecer. Bebi café outra vez. Hoje, de manhã cedo, enquanto via um episódio da "Nurse Jackie" lembrei-me de tudo. Aqui ficam, então, os cinco pilares da civilização ocidental, versão Steed.


    1. Água canalizada, quente e fria. 

Tirem a água canalizada, os duches e a misturadora a qualquer cidadão da União Europeia durante 5 dias e observem como ele se transforma num Neanderthal mal-cheiroso.


    2.  Esgotos 

Experimentem não despejar o autoclismo durante umas horas. Confiram como o vosso T3 duplex com móveis de design adquiriu o cheiro de uma favela de Bombaim.

    3. Frigorífico

Salgar arenque e fazer pickles é menos divertido do que parece, não é? E a cerveja quente é tão entusiasmante como uma reunião da condomínio.

   4. Ar condicionado

Seja no carro, em casa ou na repartição de finanças, o ar condicionado é aquilo que nos permite manter a compostura e a dignidade. Sem ele, adquirimos a tez de uma prótese usada e o aspecto viçoso de uma trabalhadora do sexo.

   5.A Internet

É o mais recente dos cinco pilares - substituiu, com vantagem, o amor, a amizade e todas as coisas fofas. A Internet deu-nos a capacidade de interagir com outras pessoas sem ter de olhar para elas. Também nos permitiu aceder a imensa pornografia, ter coisas à borla que levam empresas à falência e ver montes de vídeos idiotas com que desperdiçamos tempo que devíamos utilizar para trabalhar.



Sem estes cinco pilares, meus caros leitores, não passamos de pequenos lémures de cauda anelada, presos aos ramos frágeis da vida pela nossa longa cauda prensil ou inúteis ratinhos de laboratório a correr eternamente numa roda de plástico.