terça-feira, 17 de junho de 2008

O espaço público e as empresas

O PSD da Câmara Municipal de Lisboa vai apresentar hoje uma moção de censura ao vereador Sá Fernandes na assembleia municipal e recomendar que lhe seja retirado o pelouro dos espaços verdes.

O que fez o vereador?
  • Alugou a Praça das Flores à Skoda durante duas semanas, para eles fazerem o lançamento de um carro.
  • Negociou com a Sonae a construção de um parque infantil no Jardim da Estrela, patrocinado pela marca Continente.
Crime! Miséria! Desgraça!

A CML está sem dinheiro, vítima da má gestão de quem por lá andou antes, PSD e PS.

Se os privados estão dispostos a dar dinheiro para fazer aquilo que a autarquia não faz porque desbaratou recursos e em troca a cidade só tem que ceder algum espaço durante um período limitado, onde é que está o escândalo? É mau incentivar a responsabilidade social das empresas?

  • Não é isso que é feito todos os anos nas festas de Lisboa? Patrocínios e cedência de espaço público para venda de produtos?
  • Não foi já feito na Praça do Comércio para meter lá a árvorezinha de natal da opu...er...do BCP?
  • E o Parque da Bela Vista negociado no mandato de Santana Lopes, ocupado pelo Rock in Rio e depois deixado ao abandono durante meses?

Sou todo a favor de eventos que animem a cidade mas seria bom aproveitá-los para deixar algum benefício para quem vive na zona. Seria muito mais transparente negociar contrapartidas visíveis do que dinheiro a que ninguém vê a cor.

O Sá Fernandes não é um santo. Tem muita gente à perna por causa do túnel do Marquês e não é o Robin dos bosques que alguns desejavam. Mas, neste caso, há um aproveitamento político parvo. De quem no PSD se vê obrigado a não o deixar brilhar porque isso coloca em evidência a sua própria incompetência e de quem, no BE, o quer deitar abaixo.

Ou seja, a conversa do costume. Manobras políticas e interesses dos partidos à frente do bem das populações.

PS: Lembrei-me agora do clássico "Sobral de Monte Agraço já tem parque infantil"...