O tom da discussão à volta das touradas anda muito próximo do que aconteceu com o aborto. Ou seja, não há debate possível quando as pessoas apenas gritam umas com as outras e estão mais preocupadas em vencer o que vêem como uma luta, do que em ouvir.
É legítimo que se lute por causas. Mas também é legítimo que se estabeleça a diferença entre o que é sério e o diletante.
A verdade é que tenho lido argumentos mais interessantes do lado dos aficionados que dos ditos defensores dos animais. De um lado fala-se, do outro berram-se palavras de ordem e mostra-se um enorme desconhecimento sobre o que é a tourada. Sobretudo porque se deixam instrumentalizar por uma espécie de politicamente correcto que se confunde com modernidade. Algo que pretende transformar a nossa vida em algo asséptico e supostamente mais humano.
Pois a crua realidade meus caros é que uma sociedade sem touradas fica apenas mais chata. Não aumenta a felicidade geral, não nos torna mais civilizados, não acaba com a violência. Torna-nos apenas menos humanos mais iguais uns aos outros. Da pior maneira possível.