quinta-feira, 17 de abril de 2008

Um tipo distrai-se e dá nisto… (Futebolices I)

Já escrevi noutras ocasiões que prefiro ver outros desportos como o râguebi, o atletismo ou o basquetebol, àquele ópio das massas que dá pelo nome de futebol.

Não tenho nada contra a modalidade em si e, com a disposição certa, até consigo ver um jogo sem elevar os níveis de tédio ao insuportável.

O que me chateia mesmo são as conversas sobre futebol e a importância que se lhe dá. O que me faz fechar a boca e afastar de um grupo de pessoas é um boa e velha conversa de chacha sobre árbitros, clubes e outras cacas laterais. Sobretudo quando há diálogos tão giros que se podem criar à volta do estado do tempo.

Aquelas histórias sobre "o ................. é melhor do que o ................... (preencher com qualquer coisa) ou "existe uma conspiração dos Illuminati com o objectivo de impedir o ................ (preencher com o clube da sua preferência) de ganhar o campeonato", são aborrecidas e geralmente revelam uma pobreza de argumentos que transformam qualquer pessoa adulta numa criança de 5 anos. Isto sem qualquer ofensa para as crianças de 5 anos. Juro que já assisti a conversas bem giras acerca da qualidade de alguns brinquedos ou sobre a nojice que é a sopa de espinafres.

Admito, sou um snob nesta matéria. E noutras também. Não me junto às massas. Só às vezes, com o fito ingénuo de tentar elevar o nível da discussão com algumas ideias que não passem por pegar fogo a uma das maiores cidades do país, ou por amputar os genitais de árbitros e dirigentes. Claro que nunca tive sucesso.

Toda esta conversa a propósito do jogo de ontem.

Então não é que, estava eu ao telefone com alguém que me é muito querido – olá fofa, beijinho para si – quando passei pela transmissão do jogo – sim nós fazemos zapping enquanto falamos ao telefone, manias – e vi o resultado em dois a zero para o Benfica. Comentei, "ena o Benfica a ganhar dois a zero em Alvalade" e esqueci o assunto.

Hoje de manhã dou com um artigo com o título "Rui Costa: fim de carreira que não esperava". Querem ver que o rapaz se magoou no jogo? Fui ler o dito artigo e fiquei em choque. Esperem lá! Afinal o Benfica não ganhou o jogo???

Rumei rapidamente ao site do Record e pasmei. Cinco a três? Oito golos? Confirmei se não se tratava de um jogo entre o Borussia Moenchengladbach (tentem lá dizer isto com a boca cheia de sopa de espinafres e é garantido que ficam a parecer uma criança de cinco anos) e o Bayern de Hussenschmurfenpliffen (não parece mas este nome é inventado). Não era. Por algum acaso do destino parece que o jogo de ontem foi mesmo interessante e emotivo.

E eu não vi. Confesso que fiquei um tudo nada chateado.


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Acho que já perorei neste blogue sobre os problemas nos clubes. Despedem-se treinadores a mais e dirigentes a menos. Não é um problema exclusivo do futebol, pode aplicar-se a todo o país.

Nós não temos maus trabalhadores, temos más chefias, má organização. E nem sequer temos de melhorar muito. Basta melhorar um bocadinho para ficarmos ao nível da Inglaterra, da França, já para não falar da Espanha. Com um bocadinho menos de corrupção e um pouquinho mais de "cultura de mérito", por oposição à "cultura da cunha". Apenas com esta alteração mínima no comportamento das nossas elites, a gente vai lá.

O problema no Benfica, como noutras organizações, reside no facto de os dirigentes serem incompetentes e comprarem e venderem activos (leia-se jogadores) preocupando-se apenas com o lucro que possam obter e não com o rendimento desportivo ou as necessidades da equipa. Simples. Sou mesmo um génio. Bom ok, não sou...não é preciso ser um génio para chegar a estas conclusões...