quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Cartoonistas, esses herejes...

Isto vai andar nas bocas do mundo durante os próximos tempos. Tem todos os ingredientes para isso.

Um jornal decidiu pedir a um grupo de cartoonistas para desenharem o Profeta Maomé. E eles, toca a fazer caricaturas.

O problema é que os muçulmanos proibem qualquer forma de representação do Profeta por o considerarem um incentivo à idolatria. Por isso é que, ao contrário das igrejas católicas, não se vêem imagens numa mesquita.

Já estão a imaginar o que se passou a seguir. Tudo quanto é muçulmano a dizer cobras e lagartos, ameaças, acusações de racismo e xenofobia... O costume.

Alguém na União Europeia tentou mesmo condenar e proibir a divulgação dos desenhos alegando exactamente que estes eram xenófobos e racistas.

A questão que vai meter toda a gente a falar sobre isto centra-se exactamente neste ponto:

Será que é?

Ou seja, podem-se fazer desenhos do Jesus e do Papa a jogar golfe ou vestidos de Ronald McDonald mas não se pode fazer o mesmo com o Maomé?

Por outras palavras, é lícito limitar a liberdade de expressão?

Alguns vão dizer que temos de respeitar a religião alheia. Ora aí é que está. Não temos. A religião só diz respeito aos crentes.

Os não-crentes estão fora dessa dimensão divina exactamente porque não têm um credo ou religião. Não podem ser obrigados a jogar por outras regras que não sejam as da boa educação e sã convivência.

Fazer caricaturas do Profeta Maomé e de Jesus ou filmes como "A Vida de Brian" não infringem esses princípios. Vandalizar cemitérios judeus sim. Roubar santos de uma igreja ou apontar um flash a alguém que está a rezar também. Porque existem regras que são comuns a ambos os mundos e que se aplicam quer ao ser humano enquanto crente quer aos que não professam nenhuma religião.