sábado, 25 de junho de 2005

Jornalismo I

Já ando há algum tempo com vontade de escrever sobre jornalistas. Agora, duas coisas que me passaram pelos olhos recentemente, sem qualquer relação entre si, despertaram outra vez o tema.

A corrupção não nasceu ontem, mas parece que começou a aparecer mais nos últimos tempos, devido a factores que não consigo identificar mas que, espero eu, tenham a ver com uma maior maturidade da sociedade.

O que me irrita e preocupa é o facto de a classe jornalística reagir muito mal às críticas, como se fossem um bando de meninos mimados a quem não se pode apontar alguma falha ou algum podre. As reacções são típicas: vitimização, fortes batidelas no peito em defesa da liberdade de imprensa, má educação, acusações de manipulação, ironia e desinformação pura e simples. Ah, e claro que, por vezes, até têm razão, certo senhor Jardim?

O caso Independente/Tempo/Sócrates/Freeport é apenas um exemplo de uma manobra de desinformação que correu mal e caiu nas garras de um grupo concorrente. Ou seja, não há inocentes no meio desta trapalhada toda. O Independente já há muito tempo que não existe como jornal sério. Poderá ser mesmo considerado como menos sério do que o "24 Horas" e a revista "Tempo" nunca me inspirou muito a confiança. Sempre me pareceu ver em alguns artigos uma série de fretes mais ou menos bem escondidos.

Mas os tais "fretes" não se limitam a estes títulos. Estão um pouco por todo o lado com intensidades e graus de descaramento diferentes.

Apenas para dar um exemplo clássico: notícias de tom positivo que saiem com maior destaque num meio porque interessam a um dado grupo económico ou político e outras em tom negativo, que saiem noutro lado para descredibilizar a concorrência.

Sim porque existem fretes políticos e fretes económicos. Uma peça sobre cervejas na altura certa em que, não mencionando marcas se dá prefência a uma empresa em prejuízo da outra, ou uma novidade tecnológica de menor importância que dá direito a entrevista no telejornal e ao aparecimento mais ou menos dissimulado da marca em questão.

Ou o empresário sobre o qual correm rumores de dificuldades económicas que liga para o amigo no jornal e que concede uma entrevista em que diz o que quer sem oposição.

Os jornalistas são humanos como toda a gente e passíveis de serem influenciados, pressionados, subornados ou chantageados como qualquer outra pessoa. Mas eles acham que não. Ao não admitirem críticas, ao tornarem-se, por eles mesmos, salvadores de tudo e mais alguma coisa, transformam-se em mais um problema.

Por isso, não acreditem em tudo o que lêem, ouvem ou vêem. Infelizmente, na maior parte dos casos nada é como parece.