sexta-feira, 5 de novembro de 2010

E se desistíssemos?


A sério. E se mandássemos tudo para as urtigas?

Há anos que tentamos melhorar a produtividade ou a educação.

Há décadas que queremos aumentar o PIB e descer o défice.

Não conseguimos.

Acordamos de madrugada, mal dormidos, trabalhamos como o caraças, passamos horas sem fim no trânsito, dentro de carros e transportes públicos, aturamos clientes, chefes e colegas.

Fazemos um esforço enorme por ter uma conduta profissional e eficiente, por imitar suecos ou dinamarqueses, mas nunca conseguimos ser tão bons como eles.

Andamos sempre a correr de um lado para o outro, morremos de ataque cardíaco que nem tordos e espetamos-nos nos carros a toda a hora, na pressa de chegar, de estar, de fazer.

Tudo isto e nada. Os sacanas dos mercados nunca estão satisfeitos e se não são os mercados é a porra do FMI, a seca da União Europeia, os americanos, os alemães, os ingleses e agora até os palermas dos chineses.

E se desistíssemos?

Se passássemos a entrar às onze e picos e sair às quatro - um bocadinho mais cedo nos dias em que o tempo esteja bom para a praia ou quando jogar o Benfica.

Se chegássemos às reuniões quando nos apetecesse, só com as coisas meio alinhavadas num guardanapo de papel?

E se nem sequer nos esforçássemos por cumprir prazos?

E se deixássemos isto andar? Será que pioraria assim tanto?

Porque não passamos a viver em cabanas, vestidos com peles de animais? Que se lixe a PETA e os vegetarianos. O tempo até nem é muito mau na maior parte do ano e com o aquecimento global, em poucos anos até podemos andar de sunguinha em Fevereiro.

Podíamos voltar a ser uma sociedade tribal e poupávamos imenso dinheiro nas eleições. As bases já existem. Chamam-se No Name Boys, Juventude Leonina e Super Dragões.

Acabávamos com o exército, empandeirávamos submarinos e Pandurs, gastávamos o dinheiro da venda em comida e bebida e se quisessem invadir isto que viessem. Passado pouco tempo veriam que é um sítio chato para estar, que não conseguem fazer nada connosco, e iam-se embora.

A sério. E se desistíssemos?