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Ao terceiro dia, um dos intelectuais engasgou-se com um verbo irregular e morreu asfixiado perante o olhar incrédulo dos companheiros.
A partir daí, os intelectuais comedores de palavras decidiram não engolir as palavras e limitaram-se a mascá-las.
Algum tempo depois, descobriram com surpresa que o seu hálito dependia das palavras mascadas durante o dia.
Quem mascava palavras com significados positivos, associados a beleza ou bondade, exalava um hálito agradável.
Os que preferiam vocábulos sombrios ou termos que evocam acções sinistras ou maléficas, soltavam um indescritível bafo pútrido que os obrigava a bochechar durante horas com um elixir de gramáticas e prontuários.