Murdoch, "O Cota", decidiu que a melhor solução para o drama dos meios de comunicação social era instalar uma paywall e cobrar aos utilizadore. Querem notícias? Paguem, que isto custa dinheiro a fazer.
Ó Murdoch, olha que se calhar não é boa ideia, as pessoas habituaram-se a ter tudo à borla, o cenário dos media alterou-se, a internet vive de links.
Murdoch não ligou pêva.
Está a correr muito bem. Perderam 90% do tráfego; perderam anunciantes porque ninguém quer ter os anúncios fechados numa caixinha onde pouca gente os vê; perderam o interesse por parte de figuras públicas em aparecer num meio sem impacto.
Ah, é verdade, estamos a falar do "The Times". Sim, o jornal inglês, a matéria de que são feitas as lendas, esse pilar da cultura britânica. Hoje, na altura em que está a ler estas linhas, não vale quase nada.
Acho que já escrevi aqui acerca deste assunto, e sobre os caminhos a seguir, mas cá vai outra vez:
a) Os media devem repensar estruturas e tornar-se mais leves. Desinvestir nas áreas não produtivas (menos administradores e directores), investir nas áreas produtivas (não vão precisar de mais jornalistas, mas estes terão de ser formados, adaptados e formatados para a nova realidade).
b) As receitas de vendas em banca e assinaturas estão a desaparecer. Sendo assim, onde podem ir buscar dinheiro?
- As publicações técnicas ou de trade têm a vida facilitada. As empresas e os profissionais de certas áreas estão dispostos a pagar por informação. Podem somar a isso a venda de relatórios sobre sectores de actividade, análises, etc. (afinal é suposto terem peritos ao serviço, certo? Porque não cobrar por toda aquela imensa sabedoria?).
- Arquivos. Um arquivo bem organizado vale muito dinheiro. Explorem-no.
- A Internet veio ajudar mais à internacionalização de marcas de informação. Há que explorar isso e apostar em versões localizadas de sites de notícias com potencial global.
- Mesmo assim, continua a faltar dinheiro.
Pergunta: Quem é que tem muito dinheiro para gastar? A resposta é sempre a mesma: os anunciantes.
Pergunta: Mas, até agora, o investimento publicitário online tem sido visto como um fracasso.
Resposta: O mercado ainda não estava suficientemente maduro e, como se isso não bastasse, levou com a maior crise económica desde 1929.
É verdade malta, ainda é cedo para afirmar que as receitas publicitárias online não vão ser a solução. A publicidade é a solução. É a melhor forma de conseguir um volume de receitas substancial. Se calhar não será a publicidade tal como a conhecemos no tempo do papel (que, já agora, não vai acabar assim, de um momento para o outro, como os dinossauros), uma parte do problema passa também por aí, por querermos usar os formatos de papel nesta nova forma de consumir informação. Pensem bem nisso.
Links relacionados:
O artigo do Paulo Querido sobre este assunto, no site do Correio da Manhã
Artigo do jornal Record sobre os dados APCT do 1º semestre de 2010