domingo, 22 de março de 2009

A reacção dos meninos


Era esperada a resposta à indignação perante os bónus e salários dos gestores e administradores.

Podiam era ter sido um pouco mais originais e sofisticados nos argumentos apresentados:


O Diário Económico:
"este é também um tema caro à demagogia e ao populismo"

"o Estado não pode, nem deve, imiscuir-se nas políticas salariais das empresas privadas"

"não há nenhuma organização, empresarial ou outra, que resista a disparidades salariais gritantes e até chocantes"

Pedro Santos Figueiredo no Jornal de Negócios:
"Será que o Bloco de Esquerda está a governar e não demos conta?"

[referindo-se a casos semelhantes ao da AIG] "Em Portugal, não houve nenhum destes casos"

"Ao professar que os salários da PT devem baixar, Mário Lino está não só a meter o bedelho numa empresa privada como a ser mais moralista que moralizador"

"Está a instalar-se um horror ao lucro que só apraz aos populistas"

"Felizmente, o homem que está à frente deste País está contra o "oportunismo" e o discurso "da mais pura inveja social"

Agora que os comunistas estão em vias de extinção, o papão é o Bloco de Esquerda. Mais a demagogia e o populismo.

Como se as desigualdades não estivessem visíveis para qualquer pessoa. Como se não fosse evidente a incongruência que é receber ajuda do Estado e depois recusar qualquer outra intervenção ao nível salarial de quem vai gerir esse dinheiro.

Por mais que queiram desviar a atenção da opinião pública, a verdade é que ninguém está contra o lucro nem contra as empresas. O essencial encontra-se nas desigualdades.

A económica portuguesa não arranca porque temos gestores incompetentes, corrupção e desigualdade salarial. Porque muito dinheiro se evapora em off-shores e ilegalidades quer do lado privado quer do lado estatal.

Também é claro que estes meninos não vão lá sozinhos. Daí ser necessária uma opinião pública forte e empenhada. E se for preciso acenar com um ou outro papão para que percebam que têm de ganhar um pouco menos para que outros não vivam na pobreza, pois bem:

Buuuuh! Se não baixam os vossos salários a gente votamos todos no Bloco de Esquerda e atiramo-vos pedras aos Mercedes.