domingo, 15 de fevereiro de 2009

Não é por o repetirem que se torna verdade


Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se ao outro Marcelo, o Caetano dizendo que:

"Em termos gerais, era um homem excepcional. No quadro histórico em que viveu, não é fácil encontrar figuras com projecção e qualidades semelhantes."

Não é por o repetirem que se torna verdade. Marcelo Caetano falhou, perante o país e a história. É apenas uma nota de rodapé. O epílogo de um regime que perdeu todas as oportunidades de se regenerar e nunca deixou de ser - embora com métodos e contornos bem portugueses - uma ditadura.

Registo o facto de Marcelo Rebelo de Sousa admirar o sucessor de A. de O. Salazar. Registo, mas não lhe ligo nenhuma. Só é relevante nisto tudo a falta de pudor que transparece cada vez mais.

O saudosismo esteve sempre latente nas elites tradicionais. Durante anos mantiveram-se calados. Agora, começam a revelar-se. A cambada de chatos cinzentões que alimentou o corporativismo durante grande parte do século XX. O bando de situacionistas medrosos que nunca teve coragem para impor a Salazar um destino diferente para o país.