quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Product placement

Se há algo que dê prazer ao marqueteiro tuga, é o uso da bela expressão em inglês. Mas não é só o cliente que se atafulha em palavras bifas. Também as agências, de toda a moda e feitio, ABL, BTL, de comunicação, marketing digital, centrais de compras, criativas, de eventos e não sei mais o quê, todas elas, não deixam fugir a ocasião para exibir o seu conhecimento do idioma da velha e emborrachada Albion.

Mas o melhor de toda esta verborreia, acontece quando se inventam expressões em inglês que só são usadas em Portugal. É o caso do brilhante soft sponsoring. Tentem empregar esta expressão numa conversa com um executivo inglês. O termo que ele usa é product placement, não vai perceber patavina.

Experimentem no Google. Façam uma busca por cada um dos termos e vejam os resultados. Quando inventaram o soft sponsoring, alguém deve ter pensado que patrocínio fofinho era mau, vamos mas é inventar algo em inglês.

É provável que seja essa a razão porque não se faz product placement em condições no mercado português. Porque não usamos a expressão certa para o designar.

A culpa não será só de uma das partes envolvidas, mas a verdade é que se vêm imensos disparates.

Falta compreender que o objectivo do product placement não é ter o actor a agarrar na latinha, a beber um longo e sonoro golo e no final a soltar um aaaaaah de prazer, enquanto aponta frenético para o logo da marca. Falta perceber que isso é contra-producente e ridículo.

Um dos canais onde o product placement à morcão costuma ser mais evidente é a Sic Radical. Desde os tempos em que o Gato Fedorento, de repente, começou a viver num mundo dominado por logos e copinhos de iogurte, ao pesadelo visual que é o Curto-Circuito, com marcas e mensagens publicitárias a aparecer de todo o lado, até ao Vai Tudo Abaixo, que agora leva com um final empestado de Nestea.

Outra questão a explicar aos marqueteiros é que, pelo facto de pagarem para o produto aparecer, isso não dá direito a que os protagonistas usem uma t-shirt com o logo da marca durante todo o episódio, nem que digam, subitamente, no meio de uma cena intensa de amor "ai filho, agora o que me apetecia agora era um rolinho de peixe da Pescanova".

Capicce? Olhem para os filmes dos amaricanos meus filhos e aprendam como se faz. Aquilo tem de ser subtil e aparecer com estilo. Não é para encaixar à martelada.