quinta-feira, 19 de junho de 2008

Mais food for thought

Regresso a este post para um pequeno post-mortem. Adoro a expressão "post-mortem", muito CSI, muito Dexter...

Após ter passado os olhos (já ninguém lê, isso é tão século XX) pelos artigos mencionados e por mais alguns textos no Publishing 2.0, acho que já consigo pensar pela minha própria cabeça e deixar algumas ideias muito básicas sobre o que aprendi nos últimos tempos:

Estão a ocorrer uma data de mudanças. Quais são realmente importantes e como nos irão afectar é algo que ainda não conseguimos compreender. É como a imagem estafada de estarmos no meio de uma tempestade. Sabemos que está muito vento e chuva à nossa volta mas não conseguimos ver além disso.

O alargamento das tecnologias digitais às massas criou problemas a todas as empresas que baseavam o seu negócio na exclusividade do acesso à informação e na dificuldade em a criar. Antes, se quisesse escrever um texto sobre uma série de televisão que não tivesse estreado em Portugal, estava dependente de raras publicações a preços exorbitantes ou de algum amigo que viajasse aos Estados Unidos. Hoje, tenho tudo ao meu dispor desde que saiba procurar ( e este é um dos busílis da questão). Ou seja, com um mínimo de preparação, posso aceder a uma variedade de temas que antes eram exclusivo e privilégio de alguns.

O acesso facilitado veio também aumentar a facilidade de partilha. Gravar um disco de vinil para uma cassete era quase tão difícil como fazer um arroz de tomate decente. Partilhá-lo com um grupo de amigos, uma tarefa hercúlea.

Nesses tempos, tal como hoje, essa partilha era ilegal. Mas a dificuldade em fazê-lo mantinha a tranquilidade do lado de empresas e músicos que sobreviviam da venda de discos.

Actualmente, posso partilhar um álbum com 50 pessoas em menos tempo do que demora a pedir o menú #2 num restaurante de fast-food. Posso aceder a filmes, programas de televisão e até a livros, sempre de forma ilegal, em diversos pontos da internet.

O número de pessoas que fazem isto é tal que, se a lei fosse cumprida à letra, os velhos gulags siberianos não chegariam para prender toda a gente (a piada é de mau gosto mas acho que perceberam).

Mas por outro lado, as antigas empresas, baseadas no modelo de venda de conteúdos, não podem simplesmente fechar, desaparecer. Os autores não podem continuar a produzir obras sem ganhar um tusto. É fundamental criar outros modelos de negócio.

E é nesta parte que o filme termina, por agora. Estamos nesta fase de tentar perceber como se ganha dinheiro com esta nova situação de conteúdos a circular livremente entre as massas.

Por falar em massa, deu-me a larica. Vou ali comer e já volto.