sábado, 10 de maio de 2008

Patente por um porco

Agora que se fala na crise alimentar e na ameaça de fome para 300 milhões de pessoas, talvez seja boa ideia identificar as origens do mal. Fala-se muito do petróleo e dos bio-combustíveis, do crescimento da China e da India, mas existem outros candidatos a entrar para o rol dos vilões.

Há quem acuse a Monsanto de ser um desses vilões. O segredo está nas patentes. A Monsanto começou por produzir pesticidas. Os avanços na genética permitiram-lhe começar a alterar as sementes e as plantas de modo a aumentar a sua resistência a esses mesmos pesticidas. Essas sementes modificadas era passíveis de registo como patente. Isso deu controlo à Monsanto sobre muitas das sementes utilizadas diariamente por agricultores em todo o mundo. Claro que as sementes alteradas são mais caras do que as originais.

Em 1999 soube-se que planeavam a venda de "sementes suicidas". Baptizadas de "terminator", impediam que os agricultores utilizassem as sementes criadas pela colheita anterior tornando-os eternamente dependentes da Monsanto. A reacção vinda de diversos quadrantes contra as "terminator" levou a que a corporação declarasse o abandono da tecnologia. Mas em 2006 soube-se que a Monsanto apenas tentou ganhar tempo. Aproveitando o receio à volta da contaminação com organismos geneticamente modificados (OGM), a Monsanto voltou à carga, apresentando as "sementes suicidas" como a solução para esse problema.

Agora, a guerra das patentes atingiu um outro nível: os mamíferos. Este documentário, apresenta o novo objectivo da Monsanto. Conseguir registar uma patente sobre um porco que contém um gene que o torna particularmente rentável em termos de quantidade de carne.

Este artigo no site da Greenpeace também fala sobre o assunto. E inclui uma excelente piada:

O mundo é plano, a Monsanto inventou o porco e os organismos geneticamente modificados são seguros. Pois.

Em cinco partes eis o documentário "Patent For A Pig".