sexta-feira, 9 de junho de 2006

Toma lá Jazz!


Caros e mui raros leitores,

Aguentem-se. Deu-me para isto. Farto de pop e de rock e depois de ter andando durante algum tempo a uma dieta de blues, virei-me subitamente para o jazz - é quase como refazer o percurso da história da música americana, mas ao contrário, com a excepção óbvia de que os blues antecederam o jazz e foram uma das suas diversas origens.

Há semanas que não ouço outra coisa, há semanas que não leio sobre outra coisa. Um curso intensivo de Verão sobre Jazz.

Se quiserem aproveitar o vosso tempo no meio da maluqueira do Mundial aqui ficam uns modestos conselhos, quase uma reprodução dos meus dias mais recentes:

a) Já ter umas luzes. É verdade, eu tinha uma vaga ideia de quem era o Miles Davis, o Charlie Parker, o Dave Brubeck, até já tinha ouvido algumas coisinhas destes senhores e de outros. O Louis Armstrong toda a gente conhece e mesmo que não saibam o nome do autor muita gente reconhecerá o "Take Five" se o ouvir.

b) Ver o documentário polémico de um senhor chamado Ken Burns, que faz documentários e é muito conhecido nos States. Porquê toda a polémica? Isso é algo que só irão perceber quando conhecerem melhor a história do jazz. Adianto apenas que ele passa dois terços do tempo a falar sobre os primórdios do género, tempo quase nenhum a falar da época mais recente e que esse facto indignou muita gente. A verdade é que o documentário preenche perfeitamente o papel de base ou estimulante do apetite para quem pouco ou nada sabe sobre Jazz. A partir daqui, tudo se torna mais fácil e aos poucos podemos começar a formar as nossas opiniões.

c) Pesquisar feito doido pela net. Aqui ao lado, na parte dos links, têm uma ajuda. O que se passa depois só tem a ver com o interesse e persistência de cada um. É a parte mais divertida. Aconselho a consulta de algumas listas que por aí andam, referentes às melhores gravações de jazz de todos os tempos. Tenham sempre presente de que se tratam de opções pessoais. De qualquer maneira, poderão verificar que existem discos que aparecem frequentemente em todas essas listas. É capaz de não ser má ideia começar por aí.

d) Ouvir, ouvir, ouvir. Alguém disse que não é o jazz que vem ter connosco, somos nós que temos de ir ter com ele. É verdade. Temos de nos deixar envolver por ele. Dar-lhe atenção, não no sentido de estarmos muito sérios e compenetrados como numa aula de trignometria, mas sim no de compreendermos que tudo aquilo faz um imenso sentido e que por certo está mais recheado de emoções que o último episódio de uma telenovela. Educar o ouvido é importante. Depois de algum treino é como agarrarmo-nos à parte de trás de um eléctrico em movimento. Com a vantagem de que no jazz é menor o risco de partir a clavícula ou o perónios.

e) Formar a nossa opinião e o nosso gosto. Há quem adore fusão. Há quem só ouça ragtime e swing. Há quem ache que nada bate um bom be-bop. Há quem não seja esquisito e goste de tudo um pouco. Há quem seja mais selectivo e só ouça alguns estilos. Mas, o mais importante no meio de tudo isto é que na verdade existe bom jazz que chegue para todos.

Humildemente deste noviço,
Steed