domingo, 25 de dezembro de 2005

Os provincianos

O director do "Público" antecipou-se e mencionou este caso em termos semelhantes aos que vou empregar aqui. Estou a falar do "caso" criado pelo site Betandwin das apostas sobre o vencedor das eleições presidenciais.

A reacção dos candidatos, vexados, indignados e supreendidos, é um bom exemplo de como os Portugas são provincianos e fechados sobre si mesmos. Repare-se que não foram pastores alentejanos ou habitantes de subúrbio que reagiram assim. Foram os candidatos a Presidente da República Portuguesa. Gente importante cá do burgo. Membros da nossa elite.(!?!?)

Só quem não tem consciência do que se passa no mundo - talvez porque passa demasiado tempo embrenhado nas tricas dos partidos, eles mesmos ninhos de provincianismo e falta de inteligência - é que pode pensar que o site de apostas cometeu a maior das heresias e faltou ao respeito aos senhores candidatos.

O mundo das apostas cobre tudo o que se possa imaginar, desde corridas de cavalos a desporto, política, entertenimento, etc. E em países que alguns dos senhores candidatos gostam de apontar como exemplo - desculpa lá camarada Jerónimo mas parece que nem Cuba nem a Coreia do Norte permitem que se aposte sobre o que quer que seja - é hábito desde há muito tempo que se aposte sobre quem vai ganhar as eleições sejam elas legislativas, presidenciais ou locais. E não consta que a democracia corra perigo em algum desses países devido a este facto. Talvez por outras razões mas, certamente, não por causa da jogatina. E a China, por exemplo, onde a paixão pelo jogo faz parte da cultura e sobreviveu a livrinhos vermelhos e ditadores gorduchitos, está a caminhar rapidamente para se tornar uma potência económica mundial.

Este é um exemplo, mas existem outros: A indignação parola de alguns deputados quando começou o programa "Primeira Companhia" - como se a nossa tropa não parecesse já suficientemente ridícula com as suas manias de grandeza e mais generais do que armas em condições de irem guerrear. Ou o caso mais antigo dos "Evangelhos Segundo Jesus Cristo".

Aqui, as pessoas indignam-se por coisas sem valor e deixam passar o essencial. Falta sagacidade, espírito crítico e conhecimento.

Sobram os parolos, os bimbos, os parvos e os provincianos. Assim, não vamos lá...