quarta-feira, 27 de julho de 2011

Recordar Gavrilo Princip



O sérvio-bósnio Gavrilo Princip nasce em 1894. Filho de um carteiro, Gavrilo é o quarto de nove irmãos dos quais seis morrem durante a infância.

Frequenta a escola em Tuzla e Sarajevo, mas em 1912 muda-se para Belgrado. Na capital da Sérvia junta-se à organização nacionalista Mão Negra que defende a união entre a Bósnia-Herzegovina (anexada pela Aústria-Hungria em 1908) e a Sérvia.

Ao saber que o herdeiro do trono Austro-Húngaro tem uma visita programada a Sarajevo o Coronel Dragutin Dimitrijevic, chefe dos serviços secretos do exército sérvio e lider da Mão Negra, decide enviar um grupo para o assassinar: Gavrilo Princip, Nedjelko Cabrinovic and Trifko Grabez seguem para a capital da Bósnia um mês antes. A eles junta-se Danilo Ilic que recruta três outros homens. Vaso Cubrilovic e Cvijetko Popovic, dois jovens estudantes de 17 anos, e o muçulmano bósnio Muhamed Mehmedbasic. O grupo é armado com quatro pistolas sérvias e seis bombas. Cada um recebe ainda uma ampola de cianeto.

A 28 de Junho o Arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono Austro-Húngaro, inicia uma visita de estado a Sarajevo para inspeccionar as manobras militares de dois corpos de exército. Uma má escolha de data por coincidir ao mesmo tempo com o aniversário da derrota dos Sérvios no Kosovo em 1389 e com o dia nacional da Sérvia.

Curiosamente, Franz Ferdinand representa uma esperança credível para a renovação da velha e desgastada monarquia da Europa central. Simpatiza com as reivindicações eslavas e vê com bons olhos a concessão de mais autonomia às nacionalidades que compõem o império.

No meio da multidão que assiste ao desfile na solarenga manhã estão os seis conspiradores.

Cabrinovic atira uma das bombas para o carro do arquiduque, mas falha o alvo. Doze espectadores e dois membros da comitiva são feridos. O agente da Mão Negra tenta suicidar-se com uma ampola de cianeto e atira-se ao rio, mas acaba por ser capturado.

Franz Ferdinand insiste em continuar com o programa previsto. Mais tarde, pede para ir visitar um dos feridos. Um engano no percurso leva o condutor a virar para uma rua estreita. Por uma das maiores coincidências da história, foram ter a apenas dez metros de Gavrilo Princip. O jovem extremista dispara duas vezes. O carro acaba por conseguir recuar mas dois dos seus ocupantes estão feridos. O Arquiduque Franz Ferdinand e a sua mulher Sophie esvaiem-se em sangue e acabam por morrer.

Estes acontecimentos precipitam uma grave crise. A tensão latente entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia atinge um ponto de ruptura. Julho é um mês de ameaças e ultimatos. Os governos alinham-se segundo alianças pré-estabelecidas.

Apenas 30 dias após a morte de Franz Ferdinand e Sophie a Áustria-Hungria invade a Sérvia. A Europa está em guerra.


O destino dos conspiradores

Danilo Ilic, o único membro do grupo com mais de vinte anos, é condenado à morte e executado em 1915.

Os restantes membros do grupo escapam com penas de prisão.

Nedjelko Cabrinovic e Trifko Grabez são condenados a 20 anos e morrem de tuberculose em 1916.

Gavrilo Princip, o homem que premiu o gatilho naquela tarde de Verão em Sarajevo, morre da mesma doença em 1918.

Mais sorte tem Vaso Cubrilovic. Libertado no final da guerra, chega a professor universitário e Ministro das Florestas da Jugoslávia no governo de Tito. Morre em 1990.

Cvijetko Popovic também é libertado em 1919. Torna-se professor de história e, mais tarde, Curador do Departamento de Etnologia do Museu de Sarajevo.

O muçulmano Muhamed Mehmedbasic consegue fugir para Montenegro, é capturado pelas autoridades montenegrinas, mas consegue evadir-se. Em 1919 obtém o perdão total pela sua participação do atentado. É morto pelas milícias fascistas croatas em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.