quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Steed e os Jogos Olímpicos (um pequeno e singelo balanço)

E ao quarto dia, Steed ficou farto dos Jogos Olímpicos. Desilusões e êxtase, em doses desiguais, sonos trocados e um Chow-mein de lulas estragado levaram o autor deste blogue ao tapete, qual judoca português.

Mas quais são os ups and downs desta Olimpíada na opinião bastante abalizada de Steed?

Photo credit: Mike Hewitt/Getty Images


Primeiro, o judo é um desporto completamente cocó. Não só porque os judocas portugueses perdem sempre para atletas de países acabados em "ão" como o Irão ou o Azerbeijão, mas sobretudo porque aquilo é tão aleatório e parvo como o jogo da vermelhinha.

Já sei que vão dizer que não é nada assim, que há muita técnica envolvida e estou a ridicularizar um desporto nobre e de tradições ancestrais.

Tá bem ó melga. Na realidade o judo é tudo sobre dois indivíduos a tentar agarrar o fatinho um do outro.

Depois, os juízes, escolhidos pela sua enorme cara-de-pau e miopia, fingem que percebem alguma coisa do que se está a passar e atribuem pontinhos sempre que o combate está a ficar chato, ou quando um dos atletas não demonstra interesse genuíno em agarrar o fatinho do adversário. Os movimentos realmente interessantes são mais raros do que um golo na liga de futebol portuguesa.

Photo credit: Ezra Shaw/Getty Images

Outro desporto completamente fajuto é a esgrima. Já vi uma competição de esgrima ao vivo e, garanto-vos, é mais fácil seguir o trajecto de uma bola no hóquei em patins ou o vôo de um colibri. Como espectáculo televisivo é frustrante. Estamos dependentes de umas luzinhas que mostram quem tocou em quem e, mesmo assim, existem toques simultâneos e mais um sem número de variáveis para confundir o pobre espectador.

Tal como no judo, não duvido que aquilo exija técnica apurada e muito trabalho para conseguirem acertar com uns alfinetes compridos uns nos outros. Tenho é dúvidas sobre se isso se traduz num espectáculo mais interessante do que ver tinta a secar.


Photo credit: Stu Forster/Getty Images

Para não dizerem que sou um má-língua, queria partilhar convosco a minha paixão mais recente: o tiro com arco.

Tiro com arco e não, como muita gente diz, tiro ao arco. O tiro ao arco é um desporto completamente diferente, onde os atletas tentam acertar com um alvo num arco usando enormes fisgas.

Os asiáticos são barras no Tiro com Arco e o local das provas é fantástico, com uma multidão histérica a apoiar. Construiram um pequeno estádio, com bancadas que rodeiam a zona de tiro, o piso todo relvadinho, muito bonito. Nunca tinha visto este modelo de competição. Existe uma primeira fase, em que todos competem para estabelecer um ranking. Depois, passam a uma segunda fase de matches, um contra um, a eliminar, com a posição do ranking a determinar o emparelhamento dos atletas. Depois, como dizia o Scolari, é o mata-mata.

É fácil de acompanhar e na televisão resulta que é uma maravilha, com os atiradores a actuar à vez.

Acho que Portugal devia apostar neste desporto. As instalações custam menos a construir do que um pavilhão ou um estádio de futebol e é algo que podia funcionar muito bem. Já imaginaram um Benfica vs. Sporting em Tiro com Arco? Com as claques a apoiar? Os No Name Boys e a Juve Leo a entoar cânticos de apoio, bandeiras desfraldadas? Fenomenal!

No entanto, teriam de ter atenção a um detalhe...ao contrário do que acontece no futebol, não sei se seria inteligente insultar a mãe de um atleta adversário quando ele tem nas mãos um arco com uma flecha pontiaguda e consegue acertar em qualquer coisa a 70 metros...

Photo credit: Clive Mason/Getty Images

Outro desporto que resulta bem em televisão é a vela. Se desligarem o som para não ouvir a Joana Prates dizer "pa" em vez de "para", "tá" em vez de "está" e "prontos" em vez de "pronto"(excelente velejadora, péssima dicção) então é perfeito. Fica provado que a frequência do Clube Naval de Cascais tem efeitos secundários terríveis no modo de falar.

Photo credit: Xinhua

Voltando a um exercício estéril de má-língua, o que se passa na natação? Alguém já mediu aquela piscina? Terá mesmo 50 metros? E a água, será que não tem alguma coisa para diminuir o peso dos atletas, sei lá assim de repente...sal? E que andará o Michael Phelps a tomar? Chocapic? Gemadas? Chocapic com gemada? De qualquer modo é progressão a mais em tão pouco tempo, recordes do mundo esmagados, blá, blá, blá.

Por agora é tudo. Para mais informações sobre os Jogos Olímpicos de Beijing 2008 consultem o site oficial.