terça-feira, 24 de junho de 2008

A banda larga é malandra

Após a condenação em primeira instância de um utilizador de programas de partilha de ficheiros, a associação que representa a indústria discográfica em Portugal aponta agora para os fornecedores de serviços de Internet.

O Correio da Manhã noticia que:

A indústria discográfica nacional acusa as campanhas publicitárias das empresas que fornecem acesso à internet de poderem estar a fomentar a pirataria, contribuindo "para promover o desrespeito, por parte dos consumidores, no que toca aos direitos de propriedade intelectual".

A face visível da Associação Fonográfica Portuguesa é Eduardo Simões, o mesmo senhor que afirmou ao Diário de Notícias em 2007 que: "a pirataria está a financiar o terrorismo" e apontou como prova o facto de terem sido encontradas capas de CD no veículo de um dos responsáveis pelos ataques do 11 de Março em Madrid.

Vou repetir: o modelo de negócio da indústria discográfica está ultrapassado. As antigas leis de direitos de autor estão desadequadas à realidade. É ridículo e sobretudo contraproducente insistir numa estratégia de medo e intimidação.

Os autores vão continuar a precisar de ganhar dinheiro com as suas obras. Inegável. Mas o modo como o fazem terá de mudar. Aliás, já está a mudar. Quem não vê - ou mais grave - não quer ver, arrisca-se a perder o comboio. Na maior parte dos casos já o perdeu.

As respostas inadequadas por parte da indústria são responsáveis pela quebra de rendimentos, pelo encerramento de empresas e pelo despedimento de muitos funcionários. A tentativa de atribuir culpas a terceiros - utilizadores de banda larga, ISP's ou quem seja - é uma estratégia perigosa, desonesta e, em última análise, condenada ao fracasso.