Porreiro não é pá? Toma lá um cigarrinho para comemorar.
Agora vamos esperar para ver o que nos reservam em termos de preço. Aqui em casa já decidimos todos: nem mais um euro para a box! Estamos dispostos a aturar os bugs e avarias e servir de cobaias mas queremos alguma coisa em troca. Upa, upa!
Mas isto são só fight divers. O que interessa saber realmente é como estas actualizações na maneira de ver televisão afectam o mortiço e entediante modo de agir de canais, agências e anunciantes.
É assim meus fofos: a malta hoje já pouco vê os anúncios. Porque são muitos, porque os breaks demoram o tempo de fazer um banquete completo para 20 pessoas e porque a malta tem o poder, ou seja, o comando remoto.
Aqui estão os factos:
A partir deste momento os dois maiores operadores de televisão, Zon e Meo, que concentram os consumidores com maior poder de compra do país, vão proporcionar aos seus clientes a possibilidade de gravar os programas para serem vistos quando lhes apetecer.
Os espectadores vão passar à frente dos breaks, logo não vão ver anúncio nenhum.
O sistema de medição de audiências da Marktest, bacoco e pouco fiável, não vai valer um tostão furado. Neste momento vale exactamente isso, um tostão furado.
E agora? Como é que a santíssima trindade canais-agências-anunciantes vai conseguir justificar todo o dinheiro deitado à rua?
Nos Estados Unidos existe uma coisa chamada TiVo, um sistema muito parecido com o que as duas empresas nacionais estão a lançar. Basicamente é uma box para DVR (Digital Video Recording). Estes problemas já se colocaram, as empresas de audimetria já se mexeram e até os canais já começam a mudar a estratégia.
Na apresentação anual das novas grelhas de Outono, uma das networks mais importantes, a Fox, lançou uma ideia simples mas aparentemente eficaz: reduzir drásticamente o número de breaks, o número de anúncios e o número de auto-promoções, dando assim menos razão às pessoas para usar o controlo remoto.
A Fox irá lançar este modelo em duas novas séries de topo, "Dollhouse" de Joss Whedon (o criador de "Buffy") e "Fringe" de JJ Abrahms (de Lost). O tempo comercial em cada uma delas não será superior a cinco minutos por hora, metade do que é praticado actualmente.
Claro que isto levanta novos problemas. Com menos tempo a ser preenchido com publicidade, os episódios terão de ser mais longos, o que aumentará o custos de produção. Para compensar esse facto e a redução no número de anúncios, o preço para estar presente nesses breaks terá de aumentar.
Ou seja, chegámos à situação que alguns gurus da publicidade vinham anunciando: há que diminuir a saturação para aumentar a eficácia dos anúncios. Para isso eles terão de ser mais caros. A televisão terá de se transformar num meio premium e nem todos poderão anunciar nela. Haverá então uma transferência de investimento para outros meios, nomeadamente o outdoor e a internet.
E viverão todos felizes para sempre...