quarta-feira, 5 de março de 2008

Em bicos de pés

Primeiro foi o CNE (Corpo Nacional de Escutas) que achou a sua honra manchada pelo facto de numa campanha do Media Markt aparecer um tipo com cara de parvo vestido de escuteiro.

Agora, são os vendedores de automóveis que berram contra o BES por não se reverem na figura do comercial pintarolas, cheio de truques.

Porque é que estas atitudes são, a meu ver, bimbas?

Porque abrem um precedente que levará a que nenhuma empresa poderá usar outra coisa além de personagens anódinos nos seus anúncios. Nada de canalizadores, ladrilhadores, bancários, pilotos de avião, motoristas de táxi, trolhas, electricistas, padres, escuteiros, vendedores, cantoneiros, etc. etc. etc. A não ser que apareçam a fazer o bem e/ou sejam interpretados por pessoas com ar sério e profissional.

Os anúncios reflectem o senso comum. Não pretendem mudar nada. Servem para vender produtos ou serviços. Ao contrário do que algumas pessoas pensam - alguns dos seus criadores incluidos - não são pequenas obras de arte. Um spot a uma marca de salsichas só serve para vender salsichas. Se aumentou as vendas do cliente, a campanha foi bem planeada e eficaz. Se a empresa não vendeu mais salsichas o anúncio foi mal concebido, a planificação de media não foi adequada e fim de história.

E, quer gostem ou não, existe mesmo o estereótipo de que os escuteiros são uns totós e os vendedores de automóveis uns chico-espertos. Faz parte da cultura popular. Também se diz que a malta do marketing e da publicidade é uma cambada de vendedores de banha da cobra. E têm toda a razão.

Tudo isto veio dar mais força à minha falta de pachorra para o associativismo...

PS1: link para fotografia do senhor que manda nos escutas e que liderou esta revolta. Não confundir com o senhor que manda nas escutas e que é este.

PS2: link para a página de um forum de escuteiros em que este assunto é comentado. Não confundir com o forum dos senhores que fazem escutas, cujo endereço é obviamente secreto.