sábado, 5 de janeiro de 2008

Buá

É assim mesmo. Buá. Como fazem os bebés.

Cancelaram a porra do Dakar.

Eu sou um tipo de poucas paixões mas o Dakar é uma delas. Desde pequenino. A paixão aumentou desde que a prova passou a iniciar-se por estas bandas. Fui vê-los nos dois anos anteriores e embora nesta edição alguém - parece que se chama Alberto - tenha criado um percurso com acesso de tal modo limitado que os entendidos da coisa previam grande rebaldaria,a expectativa era grande, tanto mais que havia uma mão cheia de pilotos nacionais melhor equipados do que o normal.

Por isso fiquei lixado do juízo com o cancelamento, embora compreenda as razões.

Mas o que me irrita mais é o facto de não conseguir adivinhar soluções para o futuro. Abri o Google Earth, pus-me a olhar para o mapa de África e descobri que estamos a ficar cercados. Não parece haver maneira de ir de Marrocos - o país Africano mais próximo de Portugal - a Dakar por via terrestre sem passar por locais perigosos.

Vejamos...

Marrocos faz fronteira com a Mauritânia e com a Argélia. Ambos têm problemas com extremistas. A Tunísia e a Líbia são considerados estáveis mas para ir deste último até Dakar é obrigatório passar pelo Mali e pelo Niger que já foram riscados em edições anteriores por causas que se mantêm-se no presente. A sul da Líbia e ao lado do Niger ficam o Chade e o Sudão, sítios obviamente nada recomendáveis nos dias de hoje.

Ou seja, Da Mauritânia ao Sudão está formado um cordão de países "inseguros" que bloqueia completamente o acesso ao resto do continente.

Conseguirá fazer-se por exemplo uma prova Tunes-Tripoli-Cairo? Mas se o Egipto também tem estado a braços com uma onda de atentados...

A outra solução encontra-se bastante mais a sul, no corredor Angola-Namibia-África do Sul. Desconheço como está a desminagem das pistas Angolanas mas pelo menos o país está em paz tal como os seus dois vizinhos e a Namíbia também tem deserto. Será uma prova Luanda-Cidade do Cabo uma solução? Se quisermos ir ainda mais longe será mesmo possível efectuar uma prova Luanda- Maputo passando pelos países que já mencionei e terminando em Moçambique.Se assim for é o adeus a partidas de Lisboa. Por outro lado, os custos de transporte dos concorrentes Europeus subirá em flecha.

As outras opções são ainda mais radicais. Significam abandonar África de vez e passar por exemplo para a América do Sul onde um rallye raide deste género poderia percorrer Brasil, Uruguai e Argentina terminando na Terra do Fogo juntinho ao Cabo Horn.

Ou o leste...Ucrânia, Russia, Casaquistão...

Aconteça o que acontecer, o que eu quero é que continue a haver Dakar, mesmo que tenha outro nome. No meio de tudo o que é politicamente correcto, limpinho e seguro, todos temos necessidade de uma prova desta dimensão, que faz barulho, pó, gasta combustível em barda, passa por sítios que não lembram ao Diabo e onde existe emoção e risco.

Volta Dakar, estás perdoado...