sábado, 8 de dezembro de 2007

bem seguro ao corrimão

nomeadamente pensei em sair um bocado e ver outras pessoas
claro, há sempre o problema de não gostar de pessoas e de me incomodar estar com elas
claro claro claro que sim
mas
de qualquer modo saí, vesti alguma coisa quente porque começa a estar realmente frio e eu não gosto de estar doente porque estar sozinho é bom mas estar sozinho e doente é realmente muito chato.
e fui e saí e misturei-me com as outras pessoas no meio da rua e olhei para as luzes, eu gosto sempre muito de olhar para as luzes, fico parado a olhar para elas. sei que olham para mim de lado mas o prazer que retiro de olhar para as luzes compensa o desconforto de ser julgado louco pelos outros e de qualquer maneira sou mesmo louco por isso é irrelevante.

ao fim de algum tempo acabei por procurar um lugar mais calmo e sentei-me sozinho num banco de jardim, a retomar o fôlego, não porque estivesse cansado de andar mas porque o contacto humano me desgasta tanto.

fiquei ali um bocado, a gozar o sol de inverno que me aquecia um pouco as costas, o suficiente para me apetecer ronronar como um gato. mas claro não o fiz por vergonha. e olhei para as pedras da calçada, para as ervas que cresciam entre elas e deixei-me levar e comecei a pensar em histórias como costumo fazer sempre que me sinto bem e descontraído.