Terá sido engano, mas a revista do Expresso desta semana até tinha coisas para ler. Uma entrevista com Borat (esqueçam, um tal de Sasha Baron Cohen não aparece nem para dizer Shalom) e logo a seguir uma reportagem oportuna - embora curtinha - sobre o país que inspirou a criação do personagem: o Casaquistão. Para a semana, outra vez mais histórias sem interesse nenhum e artigos que parecem encomendados ou feitos para encher, de umbigo para umbigo.
Além da vontade de rir que Borat causa nas pessoas, há no que este artigo conta sobre o Casaquistão detalhes que me deprimem um bocadinho e o aproximam de Portugal. A mania de construir sem planeamento ou controlo, o fascínio bimbo por obras grandiosas como o que o director da comissão de desenvolvimento de Astana - a nova capital, um género de Brasília foleirota, inspirada pelos Bin Laden e paga pelos dinheiros do petróleo do Mar Negro - manifesta pelo facto de terem um aquário gigante com "tubarões no meio do deserto" ou a possibilidade de "tomar banhos de sol e nadar num oceano artificial, quando lá fora estão 50 graus negativos", tudo isso me lembra o babar nacional pelo Euro-2004, a Expo, a OTA, o TGV e similares.
Pelo que sei, no Casaquistão, para além do desperdício em Astana, o povo em geral não vive lá muito bem, os cuidados de saúde, a educação, a justiça e outras bases para uma sociedade desenvolvida e madura são a atirar para o mauzito e há corrupção até dizer chega.
A sociedade Casaque é uma versão ampliada e caricaturizada de países como o nosso. Aqui, onde se projectam novos aeroportos e linhas de comboio, linhas de metro a custos descontrolados e sei lá mais o quê mas onde continua a chover dentro de escolas, onde funcionários dos parques naturais têm de comprar impermeáveis do próprio bolso para se protegerem, onde os tribunais e outras instituições do estado funcionam entre mal ou muito mal.
O melhor será assumir. Por isso, está decidido: vou deixar crescer um bigode farfalhudo e um cabelo esgrouviado e passar a dizer a toda a gente que vir:
Hi, this is where I lives...it is called Portugalistan....
Além da vontade de rir que Borat causa nas pessoas, há no que este artigo conta sobre o Casaquistão detalhes que me deprimem um bocadinho e o aproximam de Portugal. A mania de construir sem planeamento ou controlo, o fascínio bimbo por obras grandiosas como o que o director da comissão de desenvolvimento de Astana - a nova capital, um género de Brasília foleirota, inspirada pelos Bin Laden e paga pelos dinheiros do petróleo do Mar Negro - manifesta pelo facto de terem um aquário gigante com "tubarões no meio do deserto" ou a possibilidade de "tomar banhos de sol e nadar num oceano artificial, quando lá fora estão 50 graus negativos", tudo isso me lembra o babar nacional pelo Euro-2004, a Expo, a OTA, o TGV e similares.
Pelo que sei, no Casaquistão, para além do desperdício em Astana, o povo em geral não vive lá muito bem, os cuidados de saúde, a educação, a justiça e outras bases para uma sociedade desenvolvida e madura são a atirar para o mauzito e há corrupção até dizer chega.
A sociedade Casaque é uma versão ampliada e caricaturizada de países como o nosso. Aqui, onde se projectam novos aeroportos e linhas de comboio, linhas de metro a custos descontrolados e sei lá mais o quê mas onde continua a chover dentro de escolas, onde funcionários dos parques naturais têm de comprar impermeáveis do próprio bolso para se protegerem, onde os tribunais e outras instituições do estado funcionam entre mal ou muito mal.
O melhor será assumir. Por isso, está decidido: vou deixar crescer um bigode farfalhudo e um cabelo esgrouviado e passar a dizer a toda a gente que vir:
Hi, this is where I lives...it is called Portugalistan....