Mudei recentemente de gabinete, consequência da reorganização do escritório em que alguns tiveram de abdicar de uma porção de espaço em benefício das áreas comuns de trabalho (ou como se diz em inglês "open space"). Consegui arranjar as coisas de maneira a ficar de costas para a entrada do meu gabinete, virado para uma janela enorme que, graças à altura deste sétimo andar, me oferece uma visão panorâmica sobre um amontoado de prédios do centro da cidade.
Tenho frequentemente a sensação de que estou a ver através de uma grande angular tal é a quantidade de céu e telhados à minha frente.
Hoje, não se vê uma núvem mas honestamente não posso dizer que o céu esteja limpo. Tem uma cor empoeirada, meio cinzenta, carregada de sujidade. Ouvi dizer nas notícias, os níveis de ozono na atmosfera vão ser elevados. Convém proteger os olhos e a pele.
Por alguma razão absurda, lembrei-me do Borda D'Água, essa essa espécie de antecessor da revista CAIS, vendido em toda a parte por ceguinhos e estropiados. Nunca fui um leitor muito concentrado mas recordo-me que gostava dos conselhos espalhados ao longo das páginas:
"Em Agosto, pela noitinha aproveite para plantar coentros; Em Abril limpe os armários e areje a casa."
Deixo aqui a minha opinião que não é modesta porque é minha e eu me orgulho muito dela: seguir os conselhos do Borda D'Água ano longo do ano é meio caminho andado para encontrar a felicidade.