Deixei os sorvetes trocados por dinares em cima de um cemitério índio algures, longe das tíbias e dos perónios.
Soletrei tabuletas que indicavam restaurantes fechados e ventos cruzados que nos secavam a boca e dinamitavam os olhos.
Vi, de revés, uma folha seca de papel timbrado com um memorando sobre a tristeza.
Chorei o que tinha a chorar à sombra de um cacto apodrecido e continuei a sujar os sapatos na poeira fina do caminho.
Tive saudades dos girassois e das massarocas, das danças regionais em trajes coloridos. Senti muito a falta de um cachecol às riscas.
Aqui, o tempo não passa. Nunca esteve por estes lados.
Aqui, nunca ninguém esteve atrasado ou perdeu um comboio ou uma camioneta.
Aqui, podemos sentar-nos e cantarolar uma canção sem parar durante dias.
Uma canção que diz:
Não temos tempo
Não temos tempo
O nosso tempo fugiu
Faz muito, muito tempo
Não temos tempo
Não temos tempo
O nosso tempo fugiu
Faz muito, muito tempo
Não temos tempo
Não temos tempo
O nosso tempo fugiu
Faz muito, muito tempo